Doença descoberta em 2015 fez a sua primeira vítima, um homem idoso com cancro. A enfermidade pode ser transmitida de pequenos mamíferos para humanos.
Autoridades de saúde do estado norte-americano do Alasca confirmaram recentemente a primeira morte no mundo provocada pela chamada “varíola do Alasca” (Alaskapox, como lhe chamam em inglês).
Trata-se de um homem idoso, que estava diagnosticado com cancro e tinha o sistema imunitário debilitado. Foi diagnosticado com o vírus em novembro de 2023 e morreu em janeiro de 2024.
A doença, descoberta em 2015, é transmitida por um ortopoxvírus relacionado à varíola, varíola bovina e a mpox (inicialmente conhecida como varíola dos macacos).
Até agora, foram registados oficialmente apenas sete casos em humanos, todos eles no Alasca – daí a doença ser chamada de varíola do Alasca.
Quais são os sintomas?
Os pacientes infetados com Alaskapox relataram uma ou mais lesões cutâneas semelhantes a picadas de aranha ou insetos.
Outros sintomas incluem gânglios linfáticos inchados e dores articulares ou musculares que geralmente desaparecem em algumas semanas.
Antes do paciente que morreu em janeiro, todos os outros infetados tinham sido considerados casos serenos, sem necessidade de hospitalização.
Como é transmitido o vírus?
A forma de transmissão ainda não é totalmente clara, mas os cientistas acreditam que o vírus seja zoonótico, ou seja, transmitido entre animais e seres humanos.
As autoridades de saúde do Alasca relataram que os casos da doença prevaleceram em 2020 e 2021 em duas espécies de pequenos mamíferos – Clethrionomys gapperi e musaranhos – no distrito de Fairbanks North Star Borough, onde a maioria dos casos humanos foi identificada.
Como exatamente o vírus passou dos animais para os humanos ainda não está claro. Os pacientes podem ter contraído o vírus de animais de estimação que entraram em contacto com pequenos mamíferos infetados — hipótese também levantada no caso do paciente que morreu recentemente.
Embora o contágio direto entre humanos não tenha sido registado, especialistas alertam que outros ortopoxvírus podem espalhar-se pelo contacto direto com lesões cutâneas.
O único humano a morrer de “Alaskapox”
Até hoje, a única morte registada pela doença é A do homem em questão, residente no Alasca e descrito apenas como “idoso”.
Morava na remota Península de Quenai, que se estende da costa sul do estado americano até ao Golfo do Alasca. A península fica a cerca de 480 quilómetros de Fairbanks North Star Borough, onde foram identificados os outros seis casos da doença.
Para as autoridades de saúde, a concentração do vírus indica que provavelmente se espalhou para animais fora da área de Fairbanks North Star Borough.
O homem tomava medicamentos imunossupressores como parte do seu tratamento contra o cancro. “O estado imunocomprometido do paciente provavelmente contribuiu para a gravidade da doença”, sublinhou o Departamento de Saúde do Alasca num boletim sobre o caso.
Em setembro de 2023, o paciente descobriu uma bola vermelha na axila direita. Em novembro, foi internado com cansaço, dores e dificuldade de mover o braço direito. Os médicos descobriram outras quatro lesões no seu corpo.
Os testes revelaram que o sujeito tinha contraído a varíola do Alasca e “mais tarde apresentou atraso na cicatrização de feridas, desnutrição, insuficiência renal aguda e insuficiência respiratória”, de acordo com o Departamento de Saúde do Alasca. Ele morreu em janeiro de 2024.
O homem morava sozinho e não tinha viajado antes de ser infetado. Costumava cuidar de um gato de rua que o arranhava com frequência. É possível que o gato tenha entrado em contacto com um pequeno mamífero infetado e, depois, transmitido a varíola do Alasca ao homem.
Como evitar a transmissão
A primeira orientação em casos de suspeita de varíola do Alasca é procurar ajuda médica. Além disso, recomenda-se evitar tocar em qualquer lesão do corpo e cobri-las com curativos para evitar possíveis transmissões.
O Departamento de Saúde do Alasca aconselha que as pessoas que possam ter Alaskapox “pratiquem uma boa higiene das mãos, evitem partilhar panos que possam ter estado em contacto com as lesões e lavem roupas e lençóis separadamente“.
ZAP // DW