Pena de morte no Japão para homem que matou 36 pessoas em estúdio de animação

JIJI / EPA

Autor de incêndio que matou 36 em estúdio de animação no Japão condenado à morte. “Fui longe demais, tenho de pagar o meu crime”.

O responsável por um incêndio que matou 36 pessoas em 2019 num estúdio de animação em Quioto, centro do Japão, foi esta quarta-feira condenado à morte.

Shinji Aoba foi declarado culpado por aquele que foi um dos crimes mais nefastos das últimas décadas naquele país, e que desencadeou uma onda de indignação em todo o Mundo.

Os procuradores pediram a pena de morte no mês passado para o homem de 45 anos em cinco acusações, incluindo homicídio, tentativa de homicídio e fogo posto.

As vítimas mortais eram na maioria jovens empregados do estúdio da Kyoto Animation. Mais de 30 pessoas ficaram feridas.

“Não pensei que morressem tantas pessoas e agora acho que fui longe demais”, disse o arguido no primeiro dia do julgamento, em setembro.

“Tenho de pagar o meu crime com [esta pena]”, afirmou numa outra audiência, em dezembro, quando foi questionado sobre o desejo das famílias das vítimas de o verem condenado à morte.

Naquela manhã de 18 de julho de 2019…

Shinji Aoba entrou no estúdio, deitou gasolina e ateou fogo ao gritar “vocês vão morrer”, contaram várias testemunhas.

Os bombeiros disseram que a extinção das chamas e o socorro às vítimas foram “extremamente difíceis”, tendo o próprio incendiário ficado gravemente queimado.

Shinji Aoba precisou de várias cirurgias e chegou a comparecer no julgamento em cadeira de rodas.

De acordo com a agência de notícias France Presse (AFP), Shinji Aoba queria vingar-se da KyoAni — abreviatura de Kyoto Animation— porque estava convencido de que a empresa lhe tinha roubado uma ideia para um guião.

“Já que eles roubaram o meu romance, eu despejei o líquido e deitei-lhe fogo“, terá dito o responsável pelo ataque. A alegação foi, no entanto, rejeitada pelo estúdio e descrita pelos procuradores como um delírio.

Os advogados de defesa argumentaram que o homem não tinha “a capacidade de distinguir entre o certo e o errado” devido a perturbações psiquiátricas.

No entanto, para o Ministério Público, o acusado tinha “premeditado o ato com forte intenção assassina e estava perfeitamente consciente dos perigos envolvidos” ao utilizar gasolina.

À semelhança dos Estados Unidos, o Japão é um dos poucos países democráticos a aplicar a pena de morte, executada por enforcamento.

A opinião pública japonesa continua a ser maioritariamente a favor da pena capital, apesar das críticas da comunidade internacional.

A última execução no país, onde mais de 100 condenados se encontram no corredor da morte, data de 2022.

ZAP // Lusa

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