“A Terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos”, proclamou Mirzá Husayn-‘Ali (1817-1892), mais conhecido como Bahá’u’lláh.
Em 1844, na Pérsia Cajar (hoje no Irão), Mirzá Husayn-‘Ali fundou uma religião baseada em princípios da unicidade — que negam a segmentação, a divisão, a cisão.
Existem praticantes do bahaísmo em mais de 200 cidades brasileiras e, segundo os responsáveis pela igreja no país, são cerca de 30 mil os participantes em território nacional. A instituição contabiliza um total de 90 mil, somando todos os fiéis desde que o primeiro grupo chegou ao Brasil, há pouco mais de 100 anos.
“A Fé Bahá’í é uma religião mundial, independente”, define a praticante Luiza Cavalcanti, representante institucional da Comunidade Bahá’í do Brasil.
“O princípio fundamental dos ensinamentos de Bahá’u’lláh é a unidade na diversidade, a partir do qual decorrem outros três pilares: unicidade de Deus, unicidade das religiões e unicidade da humanidade”, diz à BBC News Brasil.
Bahá’u’lláh, em árabe, significa “a glória de Deus”.
“Os bahá’ís, que são os seguidores da Fé Bahá’í reconhecem que Deus é um só, que todas as religiões são verdadeiras, complementares umas às outras e provenientes de uma mesma essência divina”, esclarece. “E que a humanidade é uma grande e única família humana, completamente interconectada e interdependente.”
De acordo com Cavalcanti, Bahá’u’llah defendia “a ideia de que a unicidade é um elemento intrínseco da natureza da humanidade” e a primeira bahá’í a pisar em solo brasileiro foi uma escritora americana chamada Martha Root (1872-1939).
Root viajava pelo mundo para espalhar os princípios da sua crença e esteve em algumas cidades sul-americanas em 1919.
“Mas foi em 1921 que efetivamente a Fé Bahá’í se estabeleceu no Brasil, a partir da chegada da pioneira bahá’í americana Leonora Armstrong [1895-1980], então com 25 anos de idade”.
Sem sacerdotes e com democracia
Hierarquicamente, a Fé Bahá’í organiza-se através de uma ordem administrativa que é formada por, como eles chamam, instituições. Cada instituição é composta por nove bahá’ís eleitos pela própria comunidade.
“É uma religião que não possui clero“, frisa Cavalcanti.
A eleição dos nove é feita por um processo eleitoral considerado sagrado, de natureza espiritual, em votação secreta. “Não existe candidatura. Todos os bahá’ís maiores de 21 anos são elegíveis, sendo eleitos por aqueles maiores de 18 anos”, explica.
“Na ordem administrativa bahá’í, os membros das instituições bahá’ís não possuem estatutos ou privilégios”, esclarece.
Os bahá’ís não adotam rituais coletivos, porque acreditam que estes são linguagens que separam as pessoas. As reuniões são feitas de forma diferente por cada comunidade, obedecendo a uma organização em três partes: a espiritual, a administrativa e a social. Antes dos encontros, os fiéis lavam as mãos e o rosto.
As orações podem ser escolhidas pelos participantes e também há o incentivo da leitura de textos sagrados. Não somente aqueles que tratam da Fé Bahá’í, como os livros de Bahá’u’lláh, mas também trechos da Bíblia e do Alcorão.
Um messias para todas as crenças
Conforme explica o teólogo e historiador Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o bahaísmo é fruto de uma crença forte entre maometanos persas: a de que o último e verdadeiro sucessor de Maomé (571-632), o criador do Islão, que desapareceu no século X, nunca morreu e, sim, continua vivo numa misteriosa cidade, rodeado de fiéis, e que, no fim dos tempos, aparecerá e encherá a terra de justiça.
Depois da morte de Bahá’u’lláh, em 1892, o comando da Fé Bahá’í passou para um dos seus filhos, o mais velho. Segundo Moraes, ‘Abdu’l-Bahá (1844-1921) é o grande responsável por disseminar o bahaísmo pelo mundo.
“Talvez seja o grupo religioso mais adaptado ao temperamento de nossos dias. Estudiosos classificam a Fé Bahá’í como um grupo unionista por excelência, no sentido de que, ao contrário de outros grupos religiosos que existem para negar a fé dos demais segmentos, a Fé Bahá’í não faz isso, ela integra, tenta unir, respeitando todas as manifestações de liderança das mais variadas religiões do mundo”, diz o teólogo.
Segundo a sua análise, isso propicia aos bahá’ís atrair “da mesma maneira, sem causar danos, hindus, muçulmanos, cristãos, judeus…”
“É uma fé que admite a divindade do messias de cada uma dessas religiões. E nem sequer reivindica o posto de maior divindade ao seu próprio profeta, o Bahá’u’lláh. Apenas diz que ele trouxe a última mensagem da fonte divina aos povos do mundo”, argumenta.
“E essa mensagem não difere fundamentalmente ou em essência da mensagem dos precedentes.”
ZAP // BBC
O negócio mais rentável do Brasil é fundar ruma nova religião, e as novas igrejas aparecem no mercado com mais frequência, que marcas de sabão..
Brasil e igrejas/religiões… o resultado está à vista!…