Acordo de coligação entre PSD, CDS-PP e PPM assinado perante sala cheia este domingo. Montenegro apelou ao voto dos desiludidos com o PS e disparou: esta AD não é um “movimento político ressabiado”.
PSD, CDS-PP e PPM assinaram este domingo o acordo de coligação Aliança Democrática (AD) perante uma sala lotada na Alfândega do Porto e com Portugal como palavra de fundo.
O acordo, assinado pelos presidentes do PSD, Luís Montenegro, do CDS-PP, Nuno Melo, e do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, aponta como prioridades da AD alcançar níveis elevados de crescimento, reforçar rendimentos e salvar e reabilitar o Estado Social do definhamento em curso.
Na sala, completamente lotada e com muitas pessoas de pé e à porta que não conseguiram entrar, destaque para a presença de alguns notáveis como, por exemplo, dos ex-ministros Leonor Beleza e José Pedro Aguiar-Branco e o presidente da Câmara Municipal do Porto, o independente Rui Moreira.
Dirigentes e antigos dirigentes do PSD como Hugo Soares, Paulo Rangel, Pedro Duarte ou Teresa Morais e do CDS-PP como Pedro Morais Soares, João Almeida ou Hélder Amara foram outras das presenças na Alfândega do Porto.
Para os que o PS desiludiu
No seu discurso, o líder do PSD entrou a atacar.
Luís Montenegro apelou ao voto dos desiludidos com o PS e defendeu que a Aliança Democrática (AD) não é “um movimento político ressabiado”, ao contrário do que acusam os socialistas, e defendeu que este é “um projeto político de esperança e confiança”.
“O projeto político da AD não se alimenta nem pela ameaça nem pela hostilidade e não se move, ao contrário dos nossos adversários, pelo passa-culpas, pelo ressentimento ou pela instigação infantil do medo. Ao contrário do PS, não é um movimento político ressabiado”, afirmou.
Na sua intervenção, o líder do PSD — que sublinhou que Portugal está “de ressaca” das experiências socialistas — fez mesmo um apelo ao voto dos que, nas últimas eleições, deram maioria absoluta ao PS.
“Àqueles que acreditaram no PS há dois anos, quero dizer que este projeto da AD é também para vós, para os que se desiludiram. Que bela oportunidade deram ao PS e que o PS desperdiçou completamente”, considerou.
Tal como tinha feito antes o líder do CDS-PP, Nuno Melo, o presidente do PSD defendeu que o Governo liderado por António Costa “não acabou por causa do Presidente da República ou qualquer outra instituição”.
“Faltou competência ao Governo, a todos os membros que por lá passaram, faltou capacidade de transformação e vontade política, porque instrumentos para mudar ninguém teve como agora”, considerou.
Ponto “ausente” no PS é prioridade na AD
Na única referência direta que fez ao Congresso do PS, que terminou este domingo, Montenegro disse ter ficado chocado “que o grande ausente tenha sido o Serviço Nacional de Saúde” (SNS).
“Neste congresso, o novo líder e o antigo líder — os dois com responsabilidade, porque os dois se sentavam no Conselho de Ministros — tudo fizeram para desviar a atenção, para ignorar e desprezar o que é hoje para muitos portugueses a primeira preocupação que têm: a saúde”, criticou.
O líder do PSD elegeu esta área como “a grande prioridade social do Governo da AD” e apelou a uma reflexão sobre o estado do SNS nas legislativas antecipadas de 10 de março.
“Há muitas razões para mudar de Governo, mas a degradação do SNS por si já era suficiente para pôr o Governo socialista na rua e para pôr um novo governo a cuidar da saúde dos portugueses”, considerou.
Em representação do movimento de independentes, o ex-bastonário da Ordem dos Médicos Miguel Guimarães, o primeiro a discursar este domingo, justificou a sua presença nesta coligação para “exercer um direito de cidadania”.
“Senti que não posso continuar calado no que diz respeito ao que está a acontecer no nosso país, tenho obrigação de defender os direitos, liberdades e garantias das pessoas”, disse, considerando que a AD tem “todas as condições para poder governar Portugal e fazer mais e melhor” do que o executivo socialista nos últimos oito anos.
Miguel Guimarães fez duras críticas ao funcionamento da saúde em Portugal — que classificou como “o calcanhar de Aquiles” da governação do PS, dizendo que se o SNS fosse uma empresa estaria falido, uma falência que atribuiu aos principais responsáveis, como o ministro Manuel Pizarro e o diretor-executivo do SNS.
O antigo bastonário questionou se, sendo o orçamento da saúde o maior de sempre, como diz o Governo socialista, e existindo mais profissionais de saúde, “o que é que está a falhar”, respondendo que é “falta de competência para gerir corretamente” o SNS.
“O Governo socialista diz sempre que foi ele quem criou o SNS, mas a verdade é que se criou o SNS, neste momento está a destruir o SNS”, acusou, apelando a um pacto de regime entre os partidos sobre o futuro deste setor.
“A única esperança de derrotar o PS”
Já o presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, considerou que a AD “representa a única esperança de derrotar o PS e os seus aliados da geringonça” e lembrou que o partido também não tinha deputados quando foi convidado pelo fundador do PSD Francisco Sá Carneiro a integrar a AD original.
“No PPM sabemos bem o que significa derrotar a hegemonia da esquerda no nosso país”, afirmou, dizendo que foi assim em Portugal em 1979, nos Açores em 2020 e também nas últimas eleições autárquicas em Lisboa.
O líder dos monárquicos disse estar nesta coligação para defender os ideais ecológicos, os valores da família, “a mais velha instituição portuguesa”, mas também pelos “ideais nacionalistas de um Portugal diverso” — salientando que Portugal “não tem uma só cor” — e por uma sociedade “livre, próspera e solidária”.
No texto, reitera-se que este acordo de coligação entre os três partidos incluirá as legislativas de 10 de março e as eleições europeias de 09 de junho, uma aliança “com o propósito de oferecer a Portugal a mudança política necessária e um Governo ambicioso, reformista, moderado estável e maioritário”.
O acordo de coligação prevê que o programa eleitoral da Aliança Democrática — que promete uma campanha “pela positiva” – tenha contributos dos três partidos e de personalidades independentes e, sobre lugares, refere apenas que as listas para as legislativas e europeias “serão baseadas na ponderação global dos resultados que os três partidos obtiveram” em anteriores sufrágios, cumprindo a lei da paridade e incluindo independentes.
A alternativa “reformista moderada”
O acordo assinado este domingo prevê um programa eleitoral com contributos dos três partidos e de personalidades independentes.
Fica explícito que, após as eleições, os deputados de cada partido constituirão um grupo parlamentar autónomo e as vagas ocorridas são preenchidas “pelo candidato imediatamente a seguir do partido pelo qual foi proposto o deputado que deu origem à vaga”.
A coligação pré-eleitoral foi anunciada entre o PSD e o CDS-PP a 21 de dezembro e recupera o nome Aliança Democrática (a designação das primeiras coligações celebradas entre os dois partidos nos anos 80) e que vai incluir “personalidades independentes”.
Na quarta-feira, foi anunciado que também o PPM integrará esta coligação pré-eleitoral, já aprovada pelos órgãos do partido.
No dia seguinte, o líder do PSD, Luís Montenegro, avançou que o CDS-PP terá dois lugares “claramente elegíveis” nas listas por Lisboa e pelo Porto – o 16.º em cada um desses círculos eleitorais, que poderão ser eleitos em função do crescimento eleitoral – além do 10.º lugar na lista por Aveiro e 11.º por Braga, mandatos que considerou ser possível assegurar em caso de uma vitória “mais folgada”, ficando o 19.º lugar da capital reservado para o PPM. Esta é a quarta vez que PSD e CDS-PP vão juntos a votos em legislativas.
A esperança de derrotar o PS, é aplicar cortes, e mais coirtes e mais cotes….
Votem PSD, é so menos uns feriados, menos uns euros nas reformas, força, força!