Uma equipa de investigadores da agência espacial chinesa identificou, com a ajuda dos radares do rover Zhurong, estruturas geométricas poligonais enterradas 35 metros abaixo da superfície do Planeta Vermelho.
Cientistas da agência espacial chinesa CMSA identificaram misteriosas estruturas poligonais a 35 metros abaixo da superfície marciana, na região de Utopia Planitia do planeta.
Estas formações de grandes dimensões, cujas origens são atualmente desconhecidas, foram detetadas com dados do sistema de radar de penetração no solo do rover Zhurong, que chegou a Marte em maio de 2021 — tornando a China, depois dos Estados Unidos, a segunda nação a chegar ao Planeta Vermelho.
A descoberta foi publicada a semana passada na revista Nature Astronomy.
O rover Zhurong, que faz parte da missão Tianwen-1 da China, foi projetado para a exploração da superfície marciana. Até agora, percorreu 1.921 metros através de Utopia Planitia, recolhendo dados sobre a topografia e características subterrâneas desta vasta planície localizada na maior cratera de impacto de asteroide conhecida no sistema solar.
Com um diâmetro estimado de 3.300 quilómetros, Utopia Planitia oferece um potencial significativo para desvendar a história geológica e climática de Marte.
O tamanho das estruturas poligonais subterrâneas reveladas pelo radar do Zhurong variam de alguns centímetros a dezenas de metros. Foram detetadas em 16 locais ao longo do percurso do Zhurong, o que sugere que pode haver mais estruturas semelhantes sob Utopia Planitia.
Segundo o El Confidencial, os investigadores acreditam que estes polígonos se formaram há cerca de 3,7 mil milhões de anos, durante períodos geológicos marcianos conhecidos como Hesperiano Tardio e Amazónico Inicial.
Uma hipótese adiantada pelos investigadores sugere que estas estruturas poderão ter sido criadas por ciclos de congelamento e descongelamento, envolvendo potencialmente depósitos de água e gelo subterrâneos.
Em alternativa, dizem os investigadores, as estruturas poderiam ter uma origem vulcânica, resultante de fluxos de lava arrefecidos e cristalizados, sugerem os cientistas.
A profundidade a que estas estruturas estão enterradas sugere que Marte pode ter sofrido uma transformação climática significativa, com mudanças notáveis na atividade da água ou nas condições térmicas.