Descoberta rede de megaestruturas ocultas da Idade do Bronze no coração da Europa

Barry Molloy e Darja Grosman

Sítio de Kačarevo a mostrar: A) terrenos baixos, B) planalto arenoso elevado, C) vala de recinto, D) áreas de atividade

Grande parte das estruturas já eram conhecidas, mas não se sabia que estes megafortes estavam ligados numa rede.

Uma equipa de arqueólogos fez uma descoberta revolucionária no coração da Europa, revelando uma rede de mais de 100 grandes sítios datados da Idade do Bronze. Esta descoberta, detalhada num artigo na revista PLOS ONE, revela uma densa rede de comunidades na bacia sul dos Cárpatos, desafiando o entendimento atual da pré-história europeia.

Os sítios recém-descobertos, conhecidos como Grupo de Sítios de Tisza (TSG), estão situados na bacia dos Cárpatos, uma região que abrange partes da Europa central e sudeste. Estes sítios estão principalmente agrupados em torno dos rios Tisza e Danúbio, sugerindo uma rede comunitária cooperativa.

Esta descoberta posiciona o TSG como um centro de inovação e influência durante um período contemporâneo aos Micénicos, Hititas e Egito do Novo Reino, por volta de 1500-1200 a.C, explica o Phys.

“Alguns dos maiores locais, que chamamos de megafortes, são conhecidos há alguns anos, como Gradište Iđoš, Csanádpalota, Sântana ou o alucinante Corneşti Iarcuri cercado por 33 km de valas. O que é novo é descobrir que estes enormes sítios não eram independentes, faziam parte de uma rede densa de comunidades estreitamente relacionadas”, explica Barry Molloy, autor principal do estudo.

Estas fortificações, anteriores às construções da Idade do Ferro, provavelmente influenciaram o desenvolvimento dos castros europeus, cruciais para a proteção das comunidades no final da Idade do Bronze.

A pesquisa de Molloy indica que estes sítios desempenharam um papel significativo na disseminação de tecnologias militares e de construção de terraplanagens pela Europa. A uniformidade na cultura material e iconografia nas sociedades europeias posteriores pode ser rastreada à influência destes grupos.

Contrariamente à visão tradicional de chefias individuais em competição, Molloy sugere uma estrutura social mais interconectada. O uso de imagens de satélite permitiu à equipa mapear uma paisagem povoada inteira, oferecendo pistas sem precedentes sobre os estilos de vida e interações da Idade do Bronze.

No entanto, esta era não foi sem conflitos. Avanços significativos na guerra indicam um período de violência organizada, sublinhando a capacidade da sociedade de defender o seu território e influência. A escala destes assentamentos revela a sua proeminência no cenário europeu.

A integração de imagens de satélite, levantamentos de campo, escavações e prospeção geofísica pinta um quadro detalhado destes assentamentos. A maioria foi estabelecida entre 1600 e 1450 a.C., com um colapso dramático por volta de 1200 a.C., espelhando as crises generalizadas que afetaram muitas sociedades antigas em todo o sudoeste da Ásia, norte da África e sul da Europa.

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