A China avisa que “um certo país” está a desenvolver armas genéticas étnicas

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China's Ministry of State Security

Uma declaração recente do Ministério da Segurança do Estado da China lançou esta semana o conceito de “armas genéticas” para o centro das atenções.

Num post publicado na sua conta oficial no WeChat, o Ministério da Segurança do Estado da China acusa nações não identificadas de estarem a desenvolver agentes biológicos que poderiam visar genes humanos específicos.

Segundo o texto, citado pelo Global Times, estes agentes biológicos poderiam visar particularmente os genes da população chinesa, com fins não divulgados.

Estas alegações sugerem a existência de potenciais armas biológicas capazes de distinguir indivíduos com base na raça ou etnia, explorando as ligeiras variações genéticas que existem entre diferentes grupos.

Embora a publicação do ministério chinês não tenha fornecido provas concretas ou especificado os países envolvidos, afirmou que tais armas poderiam ser usadas para “matar alvos de uma raça predeterminada“.

O tópico das armas biológicas orientadas para genes não é novo, tendo sido discutido anteriormente em vários contextos e recebido com ceticismo pela comunidade científica.

Em 2021, nota o South China Morning Post, investigadores do Conselho de Riscos Estratégicos consideraram a ameaça de armas biológicas uma “Teoria da conspiração” e uma dissuasão “irrelevante”.

Da mesma forma, investigadores como Richard Parsons, do King’s College London, e Oliver Jones, da RMIT University, rejeitaram a viabilidade da criação de tais armas direcionadas, citando as semelhanças genéticas significativas entre os seres humanos e a impossibilidade ética do seu uso.

A alegação chinesa faz no entanto eco das acusações do candidato presidencial americano Robert F. Kennedy Jr. e de alguns funcionários russos, que alegam que os Estados Unidos e a Ucrânia estiveram envolvidos no desenvolvimento de armas biológicas étnicas.

O consenso científico permanece no sentido de que, embora certos agentes farmacêuticos possam atuar de forma mais eficaz em grupos étnicos específicos, o desenvolvimento de armas biológicas que discriminem com base na composição genética é altamente improvável.

Os marcadores genéticos que teoricamente seriam alvo de tal arma não são suficientemente consistentes dentro de qualquer raça ou etnia para serem utilizados de forma eficaz desta forma.

Também um relatório do James Martin Centre for Nonproliferation Studies salienta que, embora os avanços no sequenciamento de ADN, inteligência artificial e dados genéticos possam potencialmente levar à identificação de alvos mais precisos, permanecem numerosos desafios técnicos.

Estes incluem o risco de alvos não intencionais e a natureza imprevisível de como tal arma se comportaria fora de ambientes laboratoriais controlados.

A Convenção sobre Armas Biológicas, da qual a China, a Rússia e os Estados Unidos são signatários, visa prevenir o desenvolvimento e uso de armas biológicas. No entanto, ambiguidades na definição do que constitui uma arma biológica poderiam potencialmente permitir pesquisas nesta área.

Apesar da natureza alarmante destas alegações, a veracidade de tais armas e a sua existência permanece altamente contestada.

O ministério chinês faz no entanto questão de realçar as graves consequências que poderiam seguir-se ao uso de armas genéticas, descrevendo-as como “mais ocultáveis, enganadoras, fáceis de espalhar e prejudiciais a longo prazo”, podendo resultar em consequências catastróficas se utilizadas numa guerra.

ZAP //

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