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Jesus Cristo era um cogumelo mágico? Há quem diga que sim

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Amanita muscaria, o cogumelo mágico que Allegro diz ser Jesus Cristo

Jesus, uma metáfora criada pelos Essénios para as experiências alucinatórias que um cogumelo alucinogénio proporcionava.

E se Jesus Cristo não fosse uma figura histórica, mas sim uma metáfora para um cogumelo “mágico”?

Esta foi a controversa teoria apresentada pelo académico britânico John Marco Allegro, filólogo, arqueólogo e um dos primeiros especialistas a estudar os Pergaminhos do Mar Morto, descobertos em 1947 por pastores beduínos no deserto da Judeia — textos antigos que tiveram um impacto profundo na nossa compreensão do judaísmo e do cristianismo e que continham as versões mais antigas de livros posteriormente incorporados na Bíblia.

Allegro ganhou notoriedade quando recomendou, em 1955, que o Pergaminho de Cobre, o maior dos Pergaminhos do Mar Morto, fosse enviado para a Universidade de Manchester, no Reino Unido, para uma análise mais aprofundada.

Posteriormente, publicaria dois livros influentes, “The Dead Sea Scrolls” e “The People of the Dead Sea Scrolls”, em 1958, que destacariam a sua análise académica e interpretação destes textos — que lhe granjearam grande respeito académico.

No entanto, o académico deu uma guinada dramática nos anos 1970, quando publicou “The Sacred Mushroom and the Cross” e “The Dead Sea Scrolls and the Christian Myth”.

Nestes livros, Allegro apresentou a teoria de que o cristianismo primitivo era uma fachada para um culto secreto que venerava Amanita muscaria, um tipo de cogumelo também conhecido como rosalgar, mata-bois ou frades-de-sapo.

O britânico recorreu a etimologia para afirmar que a seita dos Essénios, que registou as suas práticas xamã no que viria a ser o Novo Testamento, tinha criado Jesus como uma metáfora para o cogumelo e as experiências alucinatórias que ele proporcionava aos seus consumidores.

Allegro argumentou que certos mal-entendidos na transcrição de textos antigos levaram à criação dos Evangelhos e, consequentemente, à figura histórica de Jesus. Na essência, de acordo com Allegro, nunca houve nenhum homem chamado Jesus; apenas um culto que adorava cogumelos.

Estas afirmações extravagantes não só abalaram crentes e céticos como atraíram, como seria de esperar, críticas ferozes e isolaram Allegro da academia mainstream e dos estudiosos religiosos, lembra o IFL Science. Alguns especularam que as suas teorias eram um ato de vingança contra críticos que tinham questionado as suas traduções anteriores dos Pergaminhos do Mar Morto; outros acreditaram que Allegro tinha realmente deturpado o significado dos textos que estudou tão intensivamente.

Tomás Guimarães, ZAP //

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