Jornalista russa condenada a oito anos e meio de prisão por apelar ao fim da Guerra

Kira Yarmysh / Twitter

Maria Ovsyannikova na televisão estatal russa, Canal 1

Jornalista russa condenada à revelia por protesto contra a invasão russa à Ucrânia. Marina Ovsyannikova tinha interrompido em direto um programa de televisão russo, em março do ano passado, para denunciar a invasão.

Um tribunal da Rússia condenou hoje à revelia a oito anos e meio de cadeia a jornalista Marina Ovsyannikova que, em março de 2022, interrompeu em direto um programa de televisão russo, com um cartaz, para denunciar a invasão da Ucrânia.

No cartaz exibido por Ovsyannikova podiam ler-se apelos como “Não à Guerra. Parem a guerra. Não acreditem na propaganda. Eles estão a mentir-vos”.

Na Rússia, à luz da forte censura imposta pelo Kremlin, os meios de comunicação não estão autorizados a referir-se à situação na Ucrânia como uma “Guerra”, com “Operação Especial Militar” a ser o termo usado.

O tribunal indicou que a jornalista, que entretanto abandonou a Rússia, deve cumprir a sentença “numa colónia penal de regime geral” proibindo-a igualmente de “participar em atividades relacionadas com a administração de portais na internet ou redes de informação e de telecomunicações”.

Em outubro do ano passado as autoridades judiciais russas emitiram uma ordem de busca e captura da jornalista que abandonou a Rússia, quando se encontrava sobre o regime de detenção domiciliária.

A jornalista trabalhava no Canal 1 de Moscovo e no dia 14 de março de 2022 interrompeu a emissão exibindo um cartaz com uma frase contra a invasão militar.

Nas horas que seguiram aquele protesto, onda de demissões de jornalistas.

Na altura, Marina Ovsyannikova foi condenada a pagar uma multa de 30 mil rublos (aproximadamente 255 euros) por organizar um ato público sem autorização.

Posteriormente, após uma investigação sobre o caso foi despedida da cadeia de televisão tendo começado a trabalhar para o diário alemão Die Welt.

A própria jornalista reconheceu, mais tarde, que antes do gesto não havia refletido bem sobre as consequências que dele resultaria, já que a sua prioridade era contestar o conflito, no qual a sua própria se recusa a acreditar.

A ação da jornalista ganhou dimensão mundial, com muitos a elogiar-lhe a coragem e valentia.

O próprio presente ucraniano Volodymyr Zelenskyy agradeceu-lhe, para além de pedir a todos os que trabalham para o que chamou de ‘sistema de propaganda russo’ que se demitam das suas funções.

ZAP // Lusa

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