Do romântico ao que sentimos, às vezes, por estranhos, os cientistas mapearam onde, como e quão fortemente experienciamos o que chamamos de amor — pelos vistos, é uma emoção que vai da cabeça aos pés.
Já conhecemos o sentimento de “borboletas no estômago” quando vemos o/a “tal”, mas onde e como é que sentimos, fisicamente, outros tipos de amor?
Segundo um estudo recente, publicado no Philosophical Psychology, há uma diferença de intensidade e posicionamento entre 27 tipos de amor que o ser humano pode sentir e agora já podemos ver essas diferenças evidenciadas num mapa de calor corporal.
O primeiro passo para construir o mapa foi simples: pedir aos participantes que colorissem, em silhuetas do corpo humano, as zonas onde sentiam um tipo de amor, entre os quais, por exemplo, o amor próprio, o que sentem pelos animais de estimação, o amor parental ou o que a amizade nos traz.
Simultaneamente, tiveram de descrever a sua intensidade, mais tarde evidenciada no mapa de 0 a 10 num esquema de cores, do mais negro (0) ao mais brilhante/claro (10).
Não foi surpreendente ver que a intensidade de todos estes “amores” se concentrava na cabeça, mas sim analisar quais deles se espalhavam pelo resto do corpo (e por onde).
Os mais omnipresentes pelo estender do corpo foram o amor apaixonado, o amor verdadeiro, o amor pela vida, o amor romântico e o amor sexual. Só eles — a par de uma pequena mancha registada no amor pela natureza — formam um “manto de amor” que une a cabeça aos pés.
Nestes cinco diferenciados tipos de amor, no entanto, é de notar certos contrastes: o amor sexual tem a mancha mais brilhante na zona pélvica, enquanto as manchas peitorais do amor romântico e apaixonado se evidenciam.
“Quando nos movemos dos tipos de amor experienciados mais intensamente para os menos intensos, as sensações na área do peito tornam-se mais fracas”, notou o principal autor do estudo, Pärttyli Rinne.
“Pode ser que o amor por estranhos ou pela sabedoria, por exemplo, estejam associados a um processo cognitivo. Pode também ser possível que hajam sensações agradáveis na zona da cabeça. É algo que temos de investigar mais profundamente”, sublinhou.
Os tipos de amor mais fortes são, como seria de esperar, os que estão associados com relações próximas.
“O amor entre pessoas está dividido entre sexual e não-sexual. Os tipos de amor que são particularmente próximos são os que têm uma dimensão sexual ou romântica”, afirmou Rinne, que denota ter encontrado também uma ligação entre sentimentos físicos e mentais, “excitados” pelo sentimento geral de amor.
“Quanto mais intensamente um tipo de amor é sentido no corpo, mais intensamente é sentido na mente e mais agradável é”, recorda.
O amor mais abstrato, como o amor moral ou amor sentido pela sabedoria, é o menos “ardente”
Não é tudo amor
O estudo é uma expansão de um estudo anterior, de 2013, que fez o mesmo mapa para um vasto compêndio de emoções, para lá do amor.
O vermelho era usado para marcar as áreas de maior atividade e o azul, as com menos sensações.
Foi possível observar no mapa criado pelos investigadores que as duas emoções que causam uma reação corporal mais intensa e em todo o corpo são o amor e a alegria.
Tal como no recente estudo, também foi possível ver que, no geral, todas as emoções básicas ativam sensações na parte superior do corpo, onde estão os órgãos vitais (principalmente na cabeça).
Em 2018, também foram estudadas 100 sentimentos humanos subjetivos, numa análise que também se refletiu num mapa de cores como estes dois.
Mais de mil participantes avaliaram cinco categorias de emoções: emoções positivas, emoções negativas, funções cognitivas, estados somáticos e doenças.
Foi registada uma forte correspondência entre um sentimento e as suas sensações corporais correspondentes, bem como uma semelhança entre os mapas de sensações mentais e corporais em diferentes sentimentos subjetivos.
Além de sugerir que os sentimentos conscientes provêm do feedback corporal, os resultados contribuíram para uma melhor compreensão de como os estados corporais e as doenças influenciam o nosso bem-estar subjetivo.