Os corvos reúnem-se em torno de um camarada morto para avaliarem se há alguma ameaça iminente ao bando.
Os corvos, que são frequentemente associados à morte na cultura popular, têm uma reação única ao falecimento dos seus semelhantes. Este comportamento enquadra-se num domínio científico específico conhecido como “tanatologia corvídea“.
Em inglês, um bando de corpos é até chamado um “murder of crows” (assassinato de corvos, em tradução literal), dada a tendência destes animais se reunirem em torno de um membro falecido, como se estivessem a celebrar um funeral.
O propósito destes “funerais de corvos” prende-se na investigação. Os corvos, que são animais notoriamente inteligentes, estão empenhados em descobrir se a causa da morte do seu amigo é um sinal de que há alguma ameaça iminente ao bando.
O processo típico começa quando um corvo descobre o cadáver de um parente. Este corvo emite chamadas de alarme, ou uma sequência de vocalizações altas conhecidas como “reprimendas”, para avisar os outros corvos, explica o IFLScience.
Este anúncio desencadeia um comportamento chamado “tumulto”, onde os corvos rodeiam o pássaro morto e continuam a repreender, que pode durar até 20 minutos. Durante este período, os corvos analisam a situação, tentando discernir as circunstâncias da morte para evitar um destino semelhante. Embora este comportamento seja principalmente investigativo, há nota de instâncias peculiares, como a necrofilia.
Um estudo no estado de Washington deu-nos informações fascinantes sobre a percepção da morte por parte dos corvos. Os participantes humanos usavam máscaras e transportaram aves de taxidermia, incluindo corvos mortos, pelos habitats.
Os corvos mostraram uma reação de reprimenda pronunciada quando os humanos mascarados seguravam um corvo morto e um falcão (um predador conhecido). Surpreendentemente, os corvos construíram uma associação ameaçadora com as máscaras específicas, reconhecendo-as como um perigo durante até seis semanas, independentemente de segurarem um corvo morto posteriormente.
Os estudos de imagem cerebral revelaram outra faceta cativante. Quando vêem um corvo falecido, a parte do seu cérebro responsável pela tomada de decisão complexa é ativada, em oposição às áreas que impulsionam ações instintivas. Está claro que, ao verem um camarada morto, os corvos envolvem-se num pensamento profundo.
Em conclusão, embora a reação dos corvos à morte tenha originado inúmeros mitos e histórias, as suas práticas reais são uma combinação de cautela, inteligência e, talvez, até luto.