A estrada “cheia de curvas e buracos” que liga Bragança à estação de alta velocidade da vila espanhola de Puebla de Sanabria – que tem ligação a Madrid – vai ser reabilitada. Apesar do progresso, não foi a solução proposta pela região. Bragança vai continuar “longe” do AVE, mas com menos furos nos pneus.
Sem comboio há mais de 30 anos, Bragança está cada vez mais perto da alta velocidade… mas podia estar muito mais.
A Câmara Municipal de Bragança recebeu, no final de fevereiro, o visto do Tribunal de Contas para a execução do projeto da reabilitação da estrada que faz a ligação até Puebla de Sanabria.
Puebla de Sanabria é uma pequena vila espanhola, a cerca de 40 km de Bragança, onde há uma estação de alta velocidade que, em pouco mais de duas horas, liga a localidade a Madrid, diretamente.
No entanto, a estrada que faz a ligação da cidade transmontana ao AVE – comboio de alta velocidade espanhol – é sinuosa e não se faz em menos de uma hora.
Depois de décadas de impasse, devido a chumbos ambientais, por atravessar o Parque Natural de Montesinho, a ligação vai agora avançar com perfil de “estrada melhorada” e terá um custo de 30 milhões de euros.
Não foi a solução pedida pela Câmara de Bragança, mas foi a solução encontrada pelo Governo em conjunto com a autarquia, a fim de proteger Montesinho.
“Não era o valor, nem o tipo de estrada que nós gostaríamos, que era uma estrada mais larga com perfil de IP (Itinerário Principal), mas, não sendo possível, vai fazer-se um melhoramento grande na estrada”, disse o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, à Lusa, quando o projeto foi aprovado.
O autarca social-democrata viu recusada, por parte do Governo, a proposta que constava de um estudo prévio, feito em conjunto com entidades locais da vizinha região espanhola, que teria um custo de 34 milhões de euros.
O investimento inicialmente previsto para a obra da “estrada melhorada” seria, apenas, de 16 milhões de euros. Um valor que rondará, afinal, os 30 milhões.
Em maio de 2022, quando prestou aquelas declarações, Hernâni Dias avisou que “se, eventualmente, a intervenção tiver valor superior àquele que está agora definido, obviamente que vai ter de ser o Governo a suportar esse valor”.
E assim aconteceu. O valor desta empreitada quase que chega ao da proposta prévia da construção de uma via rápida, que ia deixar Bragança a menos de meia hora da alta velocidade.
A solução passa, agora, pela construção de “uma estrada com sete metros de largura, com três metros e meio de faixa para cada lado, mais um metro lateral (nas bermas) pavimentado”, como explicou o autarca.
Prevê-se que a estrada esteja pronta até 2026. Esta terça-feira, em declarações ao Porto Canal, por Hernâni Dias detalhou as etapas mais importantes do processo.
“A obra vai consistir na reabilitação da estrada existente, através da correção do seu traçado, com a construção de pontes nas aldeias de Varge e Rio de Onor“, disse.
Sendo Rio de Onor uma freguesia raiana, o governo espanhol também terá de dar o seu aval.
“A ponte de Rio de Onor, uma ponte internacional, depende do Governo português e do Governo espanhol. Nós estamos expectantes de que a situação seja resolvida no curto prazo, de forma a que não estejamos a fazer uma estrada até um determinado ponto e depois não haja uma ligação que é obrigatório ser feita”, sublinhou o autarca.
