Um estudo realizado por investigadores da City University of Hong Kong forneceu a primeira prova de como os vírus em ambientes artificiais influenciam as bactérias, conduzindo potencialmente à resistência aos antibióticos.
O estudo, publicado na revista Nature Communications, revelou que os vírus, incluindo os bacteriófagos que infetam especificamente as bactérias, transmitem genes que ajudam as bactérias a sobreviver em ambientes pobres em nutrientes e podem conferir resistência aos antibióticos.
Locais como corrimões, maçanetas e até a nossa própria pele são pontos de encontro para vírus e bactérias. Como escreve o site Inverse, é uma espécie de “Fight Club” microscópico, onde os primeiros treinam os segundos para se tornarem melhores, mais fortes e mais resistentes aos nossos meios de erradicação.
A equipa de investigação, liderada pelo Professor Patrick Kwan Ho Lee, recolheu 738 amostras de várias superfícies em Hong Kong, incluindo corrimões, pavimentos, quiosques de venda de bilhetes, maçanetas e pele humana. As amostras foram depois examinadas e classificadas para identificar os vírus presentes.
O estudo revelou que os vírus variavam consoante o local em que se encontravam. Por exemplo, um grupo de vírus chamados Caudoviricetes foi encontrado em vários ambientes, enquanto os Papillomavirus, que habitam superfícies, eram exclusivos de ambientes construídos.
Os investigadores descobriram que os vírus trocam genes com as bactérias, permitindo que estas se adaptem a ambientes pobres em nutrientes. Esta troca de genes pode também resultar na transferência de genes de resistência a antibióticos para as bactérias, levando potencialmente ao desenvolvimento de resistência a antibióticos como a tetraciclina e a vancomicina.
“O nosso estudo mostra que a diversidade, a composição, as funções metabólicas e o estilo de vida dos vírus variam, dependendo das condições de cada ambiente criado pelo homem”, disse Lee. “Por conseguinte, é importante desenvolver estratégias de controlo personalizadas para minimizar a exposição humana a microrganismos nocivos e proteger melhor a saúde dos residentes. As nossas descobertas podem contribuir para este objetivo, melhorando a compreensão fundamental das complexas interações vírus-bactérias em ambientes artificiais”.
Como a população global continua a residir em áreas urbanas, a importância da higiene em ambientes artificiais torna-se cada vez mais importante.