Um planeta zombie que não podia existir sobreviveu ao apocalipse que espera a Terra

W. M. Keck Observatory / Adam Makarenko

Impressão de artista de duas estrelas a fundir e a criar uma nuvem de gás que poderá ter dado origem a Halla como planeta de “segunda geração”

Uma equipa de astrónomos descobriu, recentemente, um planeta que não deveria existir. Sobreviveu a um cenário verdadeiramente apocalíptico. 

Quer permaneça habitável ou não, a Terra tem um limite para a sua vida útil, dado que, em cerca de cinco mil milhões de anos, o Sol ficará sem combustível de hidrogénio para queimar e começar a fundir hélio.

A nossa estrela irá, então, transformar-se numa gigante vermelha, expandindo o seu tamanho até engolir Mercúrio, Vénus e o nosso planeta. Eventualmente, explodirá as camadas externas de material e deixará para trás uma anã branca que arrefecerá gradualmente.

O destino da Terra é comum a outros tantos mundos espalhados pelo Universo que orbitam estrelas. Contudo, recentemente, uma equipa de astrónomos descobriu um planeta “zombie” que parece ter sobrevivido a este cenário apocalíptico, contra todas as probabilidades.

Segundo o New Atlas, o planeta, batizado de Halla, habita num sistema estelar relativamente próximo da Terra, a apenas cerca de 520 anos-luz de distância. Orbita uma estrela gigante chamada Baekdu, na constelação da Ursa Menor, que tem quase 11 vezes a largura do Sol, mas contém apenas 1,6 vezes a sua massa.

O artigo científico, publicado recentemente na Nature, detalha que a estrela já estava a fundir hélio, o que significa que já tinha passado pela fase de gigante vermelha. Pelos cálculos dos cientistas, Baekdu terá “inchado” muito além da órbita atual de Halla.

“Ao esgotar o seu núcleo de combustível de hidrogénio, a estrela terá inflado até 1,5 vezes a distância orbital atual do planeta – aniquilando-o completamente durante o processo – antes de encolher para o seu tamanho atual”, explicou Dan Huber, um dos autores do mais recente estudo.

“Este processo tem, normalmente, consequências catastróficas para planetas em órbita próxima. Quando percebemos que Halla tinha conseguido sobreviver nas imediações da sua estrela gigante, foi uma surpresa”, completou o cientista.

Mas, afinal, como terá este planeta zombie sobrevivido? Os cientistas avançam que a hipótese mais plausível é que, bom, não sobreviveu.

A equipa avança a hipótese de o acontecimento catastrófico ter sido evitado por uma segunda estrela que existia no sistema. De acordo com esta teoria, à medida que as duas estrelas envelheciam, sugavam o material uma da outra, impedindo a sua expansão, até se fundiram no que Baekdu é agora.

Outra opção plausível é que Halla não existia na altura do cataclismo. Quando as duas estrelas colidiram, poderiam ter criado uma nuvem de gás que arrefeceu e formou Halla, como um novo planeta de “segunda geração” no sistema.

Independentemente do que aconteceu, a verdade é que é um sistema intrigante que pode ensinar muito aos astrónomos sobre a vida e a morte de planetas e estrelas.

Liliana Malainho, ZAP //

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