Espécie responsável pela transmissão da febre amarela, zika e vírus do Nilo está no Chipre “e poderá espalhar-se para outros países europeus”, avisou o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).
Os mosquitos responsáveis pela propagação da dengue, febre amarela e zika estão a espalhar-se pela Europa, advertiu esta quinta-feira o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), alertando para um risco maior de disseminação destas doenças.
“A Europa está a experienciar uma tendência de aquecimento com ondas de calor e dilúvios cada vez mais comuns e severos, e os verões estão mais longos e quentes. Isto cria condições mais favoráveis para espécies de mosquitos invasivas”, avisou o ECDC, no comunicado que acompanha a apresentação de um relatório sobre a propagação de doenças através de mosquitos.
O ECDC apercebeu-se da disseminação, pelo norte e oeste da Europa, do mosquito tigre asiático, que é portador dos vírus da dengue e da chikungunya.
Em simultâneo, durante o último ano, a espécie responsável pela transmissão da febre amarela, zika, chikungunya e o vírus do Nilo Ocidental estabeleceu-se no Chipre “e poderá espalhar-se para outros países europeus”, acautelou a instituição.
O presidente do Instituto de Medicina Tropical já tinha alertado, no passado mês de abril, para a possibilidade de surtos epidémicos de dengue e zika em Portugal e apelado aos profissionais de saúde para que não confundam eventuais casos com gripe.
Durante a conferência de imprensa, a diretora do ECDC, Andrea Ammon, referiu que as doenças transmitidas por estes insetos não são a única preocupação: “Pode haver uma disrupção nos ‘stocks’ de sangue”.
Andrea Ammon explicou que uma vez que os vírus que originam estas doenças “também podem transmitir-se pelo sangue, se houver um surto em qualquer cidade, naturalmente vai haver uma diminuição das dádivas de sangue”.
A responsável acrescentou que nos últimos anos houve um aumento do número de espécies de mosquitos invasoras em regiões da Europa que não estavam afetadas por este flagelo sanitário.
Se esta tendência continuar, alertou, é natural que haja um número maior destas doenças e também de malária, e ainda mortes.
Por isso, as autoridades sanitárias de cada país têm de estar atentas e em constante coordenação com a ECDC para prevenir a propagação destes vírus.
A Organização Mundial de Saúde também já tinha alertado para esta possibilidade em abril.
A organização lançou um alerta para o aumento da vigilância pelas autoridade de saúde, relatou o Público. Os especialistas receiam que as doenças transmitidas por insetos se tornem mais comuns, inclusive em regiões do mundo onde atualmente não constituem uma ameaça.
Flagelo sanitário cresceu na Europa em 2022
Em 2022, 1133 pessoas adoeceram e 92 morreram com infeções do vírus do Nilo Ocidental na Europa. Deste total, 1112 contraíram a infeção em 11 países europeus. O número é o mais elevado desde 2018.
As infeções ocorreram em Itália (723), Grécia (286), Roménia (47), Alemanha (16), Hungria (14), Croácia (oito), Áustria (seis), França (seis), Espanha (quatro), Eslováquia e Bulgária (um cada).
No que diz respeito à propagação da dengue, houve 71 pessoas que contraíram a doença em 2022 através de contágio local, o que equivale ao número total de europeus infetados com este vírus entre 2010 e 2021, alertou a ECDC. As infeções foram registadas em França (65) e em Espanha (seis).
As autoridades locais de cada país europeu podem prevenir a propagação destes mosquitos eliminando fontes de água estagnada que eles utilizam para a reprodução, utilizando pesticidas ecológicos para matar as larvas e alertando as populações.
Numa ótica pessoal, a ECDC recomenda a utilização de redes mosquiteiras e a utilização de roupas que cubram a maioria do corpo, assim como repelentes.
ZAP // Lusa