Falta de medicamentos pode gerar “crise de saúde pública”

(dr) Ministério da Saúde do Brasil

Farmacêuticos avisam que falta de medicamentos pode gerar crise de saúde pública em Portugal. Ministério da Saúde e Infarmed afastam preocupações relativas a falhas “pontuais” e “situações limitadas”

As farmácias estão com falta de medicamentos necessários para o tratamento de várias doenças crónicas.

Está atualmente suspensa a exportação de 107 medicamentos, entre os quais vacinas BCG (que combate a tuberculose), vacinas de hepatite A e de febre tifoide. Plasma humano, antibióticos, anti-histamínicos e ansiolíticos, medicação para a rinite alérgica, para a infertilidade e até medicação usada em tratamentos oncológicos estão entre a medicação com exportação suspensa.

Oa antibióticos pediátricos, antidiabéticos, medicamentos genéricos têm também sofrido ruturas de stock.

O tratamento de asma é o que corre mais perigo, uma vez que pressupõe a combinação de um corticoide com um broncodilatador. À Renascença, a presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) Ana Cristina Morête fala numa “fase muito crítica” marcada por um “agravamento da doença alérgica” que pode ser controlada facilmente com a medicação adequada.

133 medicamentos cuja exportação tem de ser previamente notificada à Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed). A exportação de muitos deles tem sido proibida nos passados meses sem aviso prévio.

Ordem dos Farmacêuticos alerta para a situação

Se a falta de medicação persistir, o país “poderá ter de enfrentar uma crise de saúde pública”, avisou o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, esta quarta-feira, à Renascença.

“Falhas no abastecimento de medicamentos sempre aconteceram e vão continuar a acontecer. O que me preocupa mais é o aumento desta frequência”, reforçou, sublinhando que não há instrumentos que respondam às necessidades dos pacientes.

“É preciso rever a forma como os medicamentos estão a ser comparticipados e como é que estamos a garantir o acesso dos doentes a estes medicamentos. Quanto mais tarde fizermos isto, maior é a probabilidade para aumentar os problemas de acesso que já temos”, afirma Mota Filipe, que reconhece que a solução pode passar pela criação de uma reserva estratégica de medicamentos, tal como aconteceu durante a pandemia.

“Eu acho que a necessidade de ter uma reserva estratégica é fundamental, não tanto para resolver estes problemas, mas para termos um conjunto de medicamentos por razões de saúde pública ou de catástrofe, quando realmente precisarmos deles”, disse.

Ministério da Saúde fala em falhas “pontuais”

Em reação ao aviso dos farmacêuticos, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro garantiu que “não tem conhecimento de falhas generalizadas a nível nacional, podendo ocorrer situações pontuais e localizadas”.

O Ministério acrescentou que “foram, também, iniciados os trabalhos com vista à criação de uma lista de medicamentos essenciais, críticos, cuja disponibilidade será monitorizada de forma particular e em relação aos quais serão tomadas medidas específicas que podem incluir a revisão excecional de preço”.

A Infarmed partilha da mesma opinião.

Rui Santos Ivo, presidente da autoridade do medicamento, salientou que a Infarmed está a trabalhar numa solução e que os medicamentos essenciais estarão disponíveis brevemente. No entanto, segundo a Renascença, sublinha que estas são situações “bastante limitadas”.

ZAP //

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