Uma ex-funcionária de Rudy Giuliani acusa o advogado de Donald Trump de assédio sexual e de criar um ambiente de trabalho hostil. No meio das alegações, há ainda a suposta tentativa de venda de perdões presenciais por dois milhões de dólares.
Um novo processo aberto contra Rudy Giuliani, ex-autarca de Nova Iorque e advogado de Donald Trump, está a dar que falar.
Noelle Dunphy, ex-funcionária de Giuliani, acusa-o de assédio sexual, roubar o seu salário e de frequentemente fazer comentários discriminatórios e racistas sobre mulheres e judeus no trabalho, exigindo uma indemnização de 10 milhões de dólares.
“Ele estava constantemente a pressioná-la, fazer comentários sexuais sobre ela e sobre ele. Quando era suposto estarem a trabalhar, ele apalpava-a e tentar iniciar contactos sexuais”, explica o advogado Justin Kelton.
Dunphy começou a trabalhar para Giuliani em 2019, tendo os abusos começado “quase imediatamente”, segundo o processo. “Ele deixou claro que satisfazer as suas exigências sexuais — que eram feitas a qualquer hora, em qualquer lugar — eram um requerimento absoluto do seu emprego e da sua representação legal”, refere.
“Sem o conhecimento da Sra. Dunphy, Giuliani aparentemente decidiu durante a entrevista que usaria a sua oferta de emprego para desenvolver uma relação sexual quid pro quo. Ele foi mais tarde gravado a dizer à Sra. Dunphy ‘eu quero-te desde o dia em que te entrevistei“, alega a acusação.
Dunphy acusa ainda o advogado de estar frequentemente bêbado e de “tomar Viagra constantemente”. “Quando estavam separados, costumavam trabalhar remotamente por videoconferência e, durante essas conferências, Giuliani quase sempre pedia que ela tirasse a roupa diante das câmaras. Ele costumava ligar na sua cama, onde se masturbava visivelmente sob um lençol branco”, lê-se no processo.
A ex-funcionária refere que o ex-Presidente da Câmara de Nova Iorque exigia receber sexo oral enquanto estava ao telefone com clientes e amigos, incluindo Donald Trump, afirmando que isto o fazia sentir-se “como o Bill Clinton”, escreve a Insider.
Giuliani terá chegado a abusar sexualmente de Dunphy, após insistir que ela ficasse no seu apartamento durante uma viagem a Nova Iorque. Os dois beberam álcool até que “Giuliani puxou cabeça dela até ao seu pénis, sem pedir ou ter alguma forma de consentimento”. O advogado terá ainda dado uma bofetada à funcionária.
A ex-funcionária também diz que Giuliani não lhe pagou o salário anual de um milhão de dólares que ficou acordado. O argumento terá sido que o advogado estava no meio de um divórcio litigioso, pelo que a contratação de Dunphy teria de ser secreta até o processo ter terminado para que a sua ex-mulher “doida” não “retaliasse” contra as funcionárias que Giuliani contratasse.
“Para a manter obediente, Giuliani por vezes pagava não mais do que 5000 dólares em dinheiro à Sra. Dunphy”, refere o processo.
Perdões presenciais à venda por dois milhões
Outra das alegações bombásticas feitas por Dunphy é a suposta intenção de Giuliani e Trump de vender perdões presidenciais.
“Giuliani também perguntou à Sra. Dunphy se ela conhecia alguém que precisasse de um perdão, dizendo-lhe que estava a vender perdões por dois milhões de dólares, que ele dividiria com o Presidente Trump. Ele disse à Sra Dunphy que ela lhe poderia referenciar indivíduos que quisessem um perdão, desde que não fosse pelos “canais normais”, porque a correspondência teria de ser divulgada”, alega.
O advogado de Trump alegadamente também divagava frequentemente sobre os “malditos árabes e judeus” e fazia comentários discriminatórios. Numa circunstância, Giuliani terá “insinuado que os pénis dos homens judeus eram inferiores devido à ‘selecção natural'”.
“Ele fazia todo o tipo de comentários extremamente vulgares, sexuais e racistas. Comentários sobre os genitais de homens judeus, por exemplo. Comentários sobre diferentes grupos étnicos. Comentários sobre os corpos de mulheres proeminentes, como Hillary Clinton ou Elizabeth Warren, imaginando-as em cenários sexuais”, afirma Kelton.
Num comunicado enviado à Newsweek, Dunphy diz que decidiu processar Giuliani depois da vitória de E. Jean Carroll no processo contra Trump. “Após a decisão corajosa de E. Jean Carroll de enfrentar o ex-Presidente Trump, acredito que é minha obrigação mostrar que nenhum homem, por mais poderoso que seja, está imune à lei sobre assédio sexual, abuso e discriminação laboral no local de trabalho”, afirma.
A defesa de Giuliani já emitiu um comunicado onde “nega categoricamente todas as alegações desta queixa frívola”.