Bispo José Ornelas sobre casais homossexuais: “Jesus nunca recusou ninguém”

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Miguel A. Lopes / Lusa

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, lembra que “Jesus nunca recusou ninguém”, a propósito de questões vistas como fracturantes no seio da Igreja, como as uniões homossexuais ou casais em segunda união.

Eleito para um segundo mandato na liderança do órgão de cúpula do episcopado português já neste mês de abril, José Ornelas, em entrevista conjunta à agência Lusa e à agência Ecclesia, abordou a síntese da CEP para a fase continental do Sínodo dos Bispos, que está a decorrer até 2024, para sublinhar que “o próprio Papa colocou à Igreja estes temas, dizendo, antes de mais, que essas pessoas precisam de ser acolhidas”.

“Jesus nunca recusou ninguém por nenhuma dessas questões. Para já, essas coisas nem se punham, nesse tempo, nessa linguagem. Mas, hoje temos questões novas, e o Papa Francisco diz: ‘não busquem simplesmente soluções do passado para problemas de hoje. Não vai dar certo’”, sublinha o também bispo de Leiria-Fátima, acrescentando que há questões destas que não se podem ignorar.

Segundo a síntese da Igreja portuguesa, apresentada em 7 de fevereiro, em Praga, “há alguma dificuldade em acolher todos de igual forma e em aceitar a diversidade no seio da Igreja (casais em segunda união, pessoas com atração pelo mesmo sexo ou em uniões homossexuais), em valorizar a fragilidade, nomeadamente das pessoas com deficiência, e em compreender o que se entende por ‘acolhimento’”.

“Há, ainda, tensões diversas em temas ditos fraturantes, tais como: o acesso das mulheres ao sacramento da ordem; a ordenação de homens casados; a identidade sexual e de género; a educação para a afetividade e sexualidade; e o celibato dos padres”, acrescentava o documento.

Hoje, José Ornelas questiona: “quando nós sabemos que uma grande parte dos casais, também dos matrimónios que se fazem na igreja, acabam em separação, então essas pessoas são simplesmente postas fora?”

“Portanto, e [tendo em conta] os caminhos que o próprio Papa Francisco foi abrindo nesse sentido, as questões do matrimónio, precisam de ser repensadas e ajustadas, mas não é simplesmente uma questão de Direito. Aí trata-se, sobretudo, de uma abertura para com as pessoas, ajudar a fazer um caminho de verdade, discernimento sobre a sua própria vida”, afirma o prelado.

Segundo José Ornelas, “a Igreja não é uma Igreja só de gente perfeita. É de gente que, às vezes, vive situações para as quais uma solução simplesmente normal não chega. Então, tem de se fazer aquilo que aconteceu no Evangelho. Tiveram de ‘descapotar’ a casa para que um doente chegasse à beira de Jesus. E isto é importante”.

“É encontrar soluções novas. E para essas soluções novas é preciso desestruturar algumas coisas. Isto para mim é muito claro”, diz.

Já a ordenação de padres casados é uma das questões que “estão em franca discussão”, reconhece o bispo, acrescentando que “não é novidade nenhuma. A Igreja Greco Católica do leste europeu, por exemplo, tem padres casados e alguns vivem aqui entre nós, com a sua família e estão ativamente no ministério. E, para eles, causa uma estranheza porque é que a Igreja latina, a partir do Concílio de Trento [1545 a 1563], acabou com os padres casados”.

“Portanto, isso é uma questão disciplinar. Ainda há dias o Papa voltou a dizer isto, é uma questão disciplinar. Não é uma questão nem dogmática nem coisa nenhuma, é uma questão que, porém, deve ser discutida e aceite e, digamos, implementada pela Igreja no seu todo e não simplesmente por cada um”, diz José Ornelas.

A ordenação de mulheres é, para o presidente da CEP, também “um tema que está em cima da mesa. Não se põe ao mesmo nível dos outros, é mais complexo e, sobretudo, mais do que a complexidade, em termos culturais é algo de diferente. E nós não temos de olhar simplesmente para a Igreja na Europa, mas temos de olhar para a Igreja que está em todo o mundo, em diferentes culturas. Se se chegar a essa conclusão [de ordenar mulheres], a Igreja deve ser preparada para tal e deve fazer o seu caminho”.

O mesmo é defendido em relação a outras questões ditas fraturantes.

“Não é simplesmente uma questão de moda. É uma questão de ir ao encontro de uma sociedade que mudou, de uma cultura que está mudando e, portanto, encontrar linguagem, caminhos novos para ir ao encontro dessa cultura”, sublinha.

// Lusa

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13 Comments

  1. «…Por isso Deus abandonou-os às paixões dos seus corações e caíram em acções vergonhosas desonrando os seus próprios corpos. Trocaram o verdadeiro conhecimento de Deus pela mentira. Adoraram e serviram coisas criadas em vez de adorarem e servirem o próprio Criador, ele que deve ser adorado eternamente! Ámen.
    Por isso Deus os abandonou às paixões vergonhosas. Até as mulheres mudaram as relações naturais por relações contra a natureza. Da mesma maneira, os homens deixaram as relações normais com a mulher para arderem de paixão uns pelos outros. Caíram em acções vergonhosas uns com os outros e eles mesmos receberam o castigo dos seus erros.
    Uma vez que não tiveram em consideração o conhecimento de Deus, o próprio Deus os abandonou ao seu entendimento corrompido para fazerem o que não deviam. Encheram-se de toda a espécie de injustiças, perversidades, ambições, maldades, invejas, crimes, desordens, mentiras, falsidades e calúnias. Tornaram-se maldizentes, inimigos de Deus, insolentes, orgulhosos, arrogantes, intriguistas, rebeldes para com os pais, sem consciência, desleais, sem amor e desumanos uns para com os outros. Eles sabem muito bem que é lei de Deus que todos os que vivem assim merecem a morte. E não só fazem tais coisas mas até aprovam os outros que fazem o mesmo…» Bíblia, Romanos 1.24

      • «…A origem da homossexualidade é ligada às circunstâncias sociais quotidianas, para a grande maioria das pessoas que se dedicam à homossexualidade, tais perversões são interrompidas a partir do momento em que a pessoa se encontre num ambiente social favorável….» – Grande Enciclopédia Soviética (1952)

    • Ia dizer o mesmo! Na década de 80 do século passado, quem gostava de estar entre homens “sensíveis” ia para padre! Até contávamos piadas sobre o assunto!

  2. Quando o Papá não é mais do que um “monarca” e “reina” conforme lhe apetece, onde ocorrem crimes e os mesmos não são punidos qual a diferença se casam, se permitem X, Y ou Z de participar na dita Igreja.

    Seria interessante, antes de “inventar” colocar a casa em ordem, o que parece terem receio de o fazer, logo estão em conluio com os que praticam as ações – algo a reflectir antes de alterar seja o que for.

  3. (questões ditas fraturantes) sic
    Blá, blá, blá, ,a Biblia é só uma e nunca vi tanta modificação aos seus ensinamentos, como aqueles que têm sido implementados pela igreja católica… pq os padres não podem ser casados ? PEDRO era casado.
    Como aceitar o homossexualismo? Esqueceram Sodoma e Gomorra?
    Não é permitido o sacerdócio às mulheres… É bíblico… para quê alterar?
    Parafraseando o Figueiredo e Romanos 1.24 (E não só fazem tais coisas mas até aprovam os outros que fazem o mesmo…»)

  4. Sodoma e Gomorra arderam. Queriam mais? Quanto ao resto anotado nos comentários, os tempos de agora são outros e a memória do padre Amaro que nos conte mais.

  5. Parem de aldrabar Srs. Sacerdoces !…… A Fé Cristã , para quem a tem , não é uma esfregona para tudo limpar ! Jesus segundo o Novo Testamento até o pó das sandálias sacudiu , saindo de un sitio povoado de ímpios !

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