Procura de ursos ancestrais numa caverna leva a importante revelação acerca do Homem

Representação artística de uma população de Antigos Beringianos, descoberta em 2018

Uma equipa da investigadores da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, fez uma descoberta inesperada ao procurar ursos ancestrais numa caverna no Alasca.

Ao examinar o DNA bem preservado de ursos antigos numa caverna no Alasca, uma  equipa de investigadores deparou-se com uma ligação genética até então desconhecida entre humanos e ursos.

A descoberta lança luz sobre os padrões de migração humana no início da história da América do Norte.

A pesquisa, liderada por Charlotte Lindqvist, investigadora da da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, teve como ponto de partida um estudo sobre a história antiga dos ursos-pardos (Ursus arctos) e ursos-polares (Ursus maritimus).

O estudo, publicado em abril na iScience, tomou no entanto um rumo inesperado quando os cientistas descobriram um fragmento de osso humano com 17.000 anos entre os restos de ursos.

A análise do DNA mitocondrial do fragmento revelou uma ligação genética única a uma população de humanos antigos conhecida como “Antigos Beringianos“.

Segundo a Sci Tech Daily, os cientistas acreditam que os Antigos Beringianos viveram no que é hoje a região do Alasca e Yukon durante a última Era do Gelo, há cerca de 20.000 anos.

Este povo ancestral, até então desconhecido, foi identificado após um estudo liderado por Eske Willerslev, investigadora da Universidade de Cambridge, cujos resultados foram publicados em 2018 na revista Nature.

Os Antigos Beringianos são considerados os ancestrais dos primeiros nativos americanos, que chegaram à América do Norte através da chamada Ponte Terrestre de Bering — uma faixa de terra agora submersa que já ligou a Ásia e a América do Norte.

National Parke Service

Mapa da chamada Ponte Terrestre de Bering, que terá ligado o lesta da Rússia com o Alasca

A descoberta desta ligação genética oferece informações valiosas sobre a história inicial da migração humana na América do Norte, sugerindo que os Antigos Beringianos eram uma população distinta que vivia lado a lado com outros grupos humanos na região, antes de eventualmente se fundirem com eles.

Além disso, a presença deste marcador genético único nas populações nativas americanas atuais indica que os Antigos Beringianos desempenharam um papel crucial na colonização das Américas.

A caverna do Alasca, conhecida como “Bear Den”, é há muito tempo considerada um “tesouro de ADN ancestral bem preservado”, graças ao seu ambiente consistentemente frio e estável.

Diversas equipas de investigadores utilizaram anteriormente o DNA da caverna para estudar a história evolutiva dos ursos na região, mas esta é a primeira vez que descobrem restos humanos e DNA humano antigo na caverna.

ZAP //

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