O bacalhau da Noruega está a ficar mais pequeno

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Uma investigação desenvolveu os modelos que seriam necessários para inverter o efeito através da conservação, assim como os custos económicos associados.

O processo de evolução dos peixes, frequentemente chamado evolução induzida pela pesca, está bem documentado, apesar de ter um impacto diferente sobre as inúmeras espécies. No caso do bacalhau do Mar do Norte, por exemplo, significa que os primeiros exemplares prosperam, enquanto os mais lentos na sua formação tendem a ficar para trás no processo de seleção genética.

Isto significa que a população de peixes está a evoluir para tamanhos mais pequenos. Um artigo científico desenvolveu os modelos que seriam necessários para inverter o efeito através da conservação, assim como os custos económicos associados.

“Em geral, a pesca é um dos principais motores de mudança nos ecossistemas marinhos”, disse Hanna Schenk, investigadora pós-doutorada do Centro Alemão de Investigação Integrada sobre Biodiversidade (iDiv) Halle-Jena-Leipzig e uma das autoras do artigo, ao Ars.

A pesca aumenta as taxas de mortalidade entre os peixes — especialmente entre os peixes grandes, que são capturados em maior número porque são mais propensos a permanecer dentro das redes dos pescadores. Consequentemente, isto coloca uma pressão seletiva sobre as espécies: peixes que amadurecem mais rapidamente (mas permanecem mais pequenos) ficam em vantagem.

Estes peixes mais pequenos, com amadurecimento precoce, passam os seus genes com mais frequência, o que impacta toda a população.

A nova investigação, que se centra no bacalhau do Mar do Norte, evidencia sinais de evolução provocada pela pesca. A equipa começou a trabalhar no projeto em 2019 e começou a integrar um modelo evolutivo (centrado no crescimento, mortalidade, reprodução e mudanças evolutivas) com um modelo económico (que considera fatores como os custos da pesca e a preferência dos consumidores).

A equipa utilizou o modelo para otimizar a saúde evolutiva e económica, ajustando diferentes parâmetros que poderiam ser controlados por objetivos e regulamentos de conservação.

Uma troca

Através da execução dos modelos, os investigadores mostraram que a evolução induzida pela pesca pode ser invertida se a gestão for considerada num período de tempo muito longo — ao longo de um século. Isto é necessário porque a evolução acontece lentamente.

Os objetivos de conservação numa linha temporal de um século inverteriam efetivamente a evolução induzida pela pesca com apenas uma pequena perda de lucro ao longo desse tempo. Esta perda dependeria do objetivo final de conservação e da linha do tempo.

Com um objetivo de conservação ambicioso (um tamanho médio da maturidade dos peixes de 53 cm, em comparação com o nível de 50,6 cm de 2019) fixado para 2050, haveria uma perda excedentária de 10 por cento, por exemplo. A razão pela qual este cenário é apenas ligeiramente menos rentável é porque a gestão envolveria a redução da colheita em diferentes pontos no futuro para permitir a recuperação das unidades populacionais antes de começar de novo a colheita.

É difícil dizer se estas descobertas se aplicariam a outras espécies de peixe, disse Schenk. Isto porque muitas características variam de acordo com os peixes. Estes incluem pressões de pesca passadas, a velocidade da evolução, etc.

Seguindo em frente, a equipa espera analisar que tipos de artes de pesca — com impacto no tamanho do peixe — e que tamanho de peixe seria ideal para inverter a evolução induzida pela pesca sobre a população.

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