O petróleo russo continua a chegar à Europa apesar do embargo da União Europeia. A mercadoria pode estar a entrar através do Azerbaijão.
Um ano depois da enxurrada de sanções sem precedentes contra a Rússia, o país não dá sinais de grande fragilidade e a economia está a aguentar-se. Parte da razão é que algumas das sanções não estão a funcionar como seria previsto. O petróleo russo, por exemplo, continua a chegar à Europa.
Embora recentemente Ursula von der Leyen tenha declarado que a dependência europeia do petróleo russo já é “história”, a realidade parece ser bem diferente. Altos funcionários ucranianos, eurodeputados e membros da indústria, ouvidos pelo POLITICO, dizem que esse capítulo da história ainda está a ser escrito.
Informações recolhidas pelo site sugerem que quantidades significativas de hidrocarbonetos russos, nomeadamente petróleo, ainda estão a entrar no mercado europeu, financiando a máquina de guerra de Vladimir Putin.
O petróleo bruto é difícil de rastrear, já que pode ser misturado com outras mercadorias. O processo de refinação também remove todos os vestígios da origem da matéria-prima, explica a mesma fonte. Empresas de offshores também têm sido acusadas de ajudar a Rússia a esconder a origem das suas exportações de petróleo.
“O resultado do embargo é um aumento significativo nos custos de transporte russos, uma redistribuição significativa de rendimento em favor dos intermediários e algum desconto adicional devido ao estreitamento do mercado de compradores”, explica Mikhail Khodorkovsky, um crítico exilado de Putin e ex-CEO da gigante de petróleo e gás Yukos, em declarações ao POLITICO.
Desde o embargo da União Europeia ao petróleo russo, as exportações da Rússia para o continente europeu têm-se mantido minimamente estáveis. É possível que o petróleo russo esteja a ser vendido através de intermediários. Uma rota potencial para a Europa é através do Azerbaijão.
Dados mostram que o Azerbaijão exportou 242 mil barris por dia a mais do que produziu entre abril e julho do ano passado. Paralelamente, a produção doméstica está em declínio há muito tempo, segundo dados oficiais.
“Como é que um país pode diminuir a sua produção e aumentar as suas exportações ao mesmo tempo? Há algo completamente inconsistente nos números e essa inconsistência cria suspeitas de que as sanções estão a ser contornadas”, disse o eurodeputado francês François Bellamy.