Alemanha e França lideram fações de uma “guerra civil” na Europa que debate o fim do motor de combustão interna. Portugal está do lado dos germânicos, que se opõem.
O motor de combustão interna tem os dias contados na Europa. O POLITICO escreve que o futuro do motor de combustão interna está a transformar-se numa guerra franco-alemã e fala mesmo em “guerra civil” na Europa.
No mês passado, o Parlamento Europeu confirmou a proibição da venda de carros novos com motores de combustão interna a partir de 2035. A decisão foi tomada graças a uma coligação negativa que se sobrepôs à maioria do Partido Popular Europeu: 340 votos a favor, 279 votos contra e 21 abstenções.
Além disso, foi estabelecido um objetivo de 55% de redução das emissões de CO2 em 2030 para os veículos de passageiros e 50% para os veículos comerciais.
Essencialmente, o bloco comunitário quer banir automóveis que usem gasolina ou diesel como combustível. Porém, a medida pode não avançar, perante a oposição de alguns países do bloco comunitário.
A Alemanha não tardou a reagir. O Governo germânico disse que não ia apoiar a proibição da venda de carros novos com motores de combustão, após não obter garantias para uma isenção dos combustíveis sintéticos.
Alguns países, como a Alemanha, pediram à Comissão Europeia que criasse uma isenção para carros que usam os chamados e-fuels [combustíveis sintéticos, em português], argumentando que estes podem ser produzidos utilizando energia renovável e carbono captado do ar.
O combustível sintético pode ser obtido, por exemplo, a partir do carvão mineral, de biomassa, bem como da água e do dióxido de carbono disponíveis na atmosfera.
Esta segunda-feira, a Chéquia promoveu uma reunião em Estrasburgo, França, que contou com a presença de países que se opõem à medida, entre os quais Portugal.
O ministro dos Transportes alemão, Volker Wissing, disse estar confiante num acordo com a Comissão Europeia, nos próximos dias, quanto a uma solução para permitir os motores a combustão com combustíveis neutros em CO2 a partir de 2035.
Também esta segunda-feira, o comissário europeu para a Indústria, Thierry Breton, acalmou os ânimos e realçou que a União Europeia ainda não tomou nenhum decisão.
“Até agora, nenhuma decisão foi tomada. E afirmo às fabricantes: esperem que a democracia complete o seu percurso […] antes de tomarem decisões. Mantenham os dois motores até que a decisão seja finalizada nas próximas semanas”, disse à emissora francesa BFMTV.
Equipa Alemanha vs. Equipa França
Além da Alemanha, a Itália é um dos países que mais se opõe à medida. O vice-primeiro-ministro transalpino, Matteo Salvini, que esteve em Estrasburgo, reiterou a posição do país: “O governo opõe-se fortemente ao [plano] Euro 7. Adiciono a posição contrária também ao dossier CO2 para veículos leves e pesados — a menos que não entrem os biocombustíveis e os e-fuel sintéticos”.
Itália sugere que a medida afetaria severamente as empresas italianas, mas também “os cidadãos e os postos de trabalho”.
“Foi um encontro importante para dizer não à proibição dos carros movidos a gasolina e diesel. Só ter o elétrico significa agradar à China, demitir na Itália, demitir na Europa e não ajudar o ambiente. A transição ecológica é fundamental, mas não pode ir para frente por conta de multas, proibições, vetos, obrigações, penalizações e taxas. A transição ecológica não pode ser imposta por leis de Bruxelas”, acrescentou Salvini.
Polónia, Bulgária e Chéquia são outros aliados dos germânicos pela causa dos e-fuel. Juntos, têm peso suficiente para vetar a legislação, realça o POLITICO.
Por outro lado, França promete apoiar o plano de emissões zero da UE para 2035, assim como Espanha, Bélgica, Suécia, Dinamarca, Irlanda e Países Baixos.
“Estamos prontos para lutar por isso, porque [atrasar] é um erro ambiental e também acho que é um erro económico”, disse o ministro da Economia de França, Bruno Le Maire, à Franceinfo, na segunda-feira.
Enquanto isso, a Equipa Alemanha teme a transição para veículos elétricos seja uma sentença de morte para centenas de empresas especializadas em componentes para motores de combustão. O Partido Democrático Liberal quer uma legislação totalmente separada a abranger os e-fuels.
Contudo, França não quer mudar uma medida que foi acordada ao fim de quase dois anos de negociações. “Economicamente é incoerente, industrialmente é perigoso, não é do nosso interesse nacional, não é do interesse dos nossos fabricantes nacionais e, acima de tudo, não é do interesse do planeta”, justificou Le Maire.
Com a indústria dos veículos elétricos a crescer de vento em popa, as fabricantes começam a demitir trabalhadores na Europa. Por exemplo, no mês passado, a Ford anunciou que ia reduzir drasticamente a sua mão de obra na Europa, eliminando um total de 3.800 postos de trabalho.
De facto, algumas empresas europeias vão sofrer com uma eventual proibição da venda de automóveis com motores de combustão interna. O Financial Times dá o exemplo do motor a gasolina de um Mini. Embora construído em Inglaterra, o motor é projetado na Alemanha, contém um alternador de França, uma bobina de ignição de Itália e uma bomba de refrigeração da Áustria.
É desta que “Bruxelas” implode e nos livramos deles. Rais parta a UE e sobretudo o Euro!!!
Se estivesse com o escudo estava melhor sem duvida….. e fora da UE Portugal era o rei da Europa isolado no seu cantinho e sempre que quisesse exportar algo para a Espanha demoraria dias só com as burocracias e taxas alfandegarias.
A UE ainda não percebeu que quando o mundo acabar acaba para todos e que o seu frenesim em acabar com os carros a combustão a todo o custo terá um custo no desemprego e no PIB . enquanto os EUA, China, Índia etc… continuaram a poluir e a enriquecer. Algo tem de ser feito mas na condição de todo o mundo alinhar caso contrário a UE sozinha não evitará o aquecimento e trará miséria para a sua população.
A UE nunca poderá estar bem economicamente em quanto consumir energias que não possui, isto implica que os seus habitantes sofram do mesmo mal.
A dependência de energias extra comunitárias é um câncer para todos, se não for tratado já, penso que todos sabemos qual é o fim.
Acredito que todos gostávamos de ver a população a consumir energias Europeias antes de morrermos, dando oportunidade de mais qualidade a gerações seguintes.
Muito bem venham os e-fuels não era só elétricos !
Vejam bem as prioridades ambientais. Tudo não passa de uma grande mentira. Eles querem é continuar a produzir e a vender e o resto são conversas.