Igreja vai pagar transporte de vítimas para consultas. Fiéis convocados para vigílias

A criação de uma rede de apoio psiquiátrico e psicológico resultou da iniciativa de várias comissões diocesanas de proteção de menores da Igreja Católica.

A Igreja Católica portuguesa vai assumir as despesas do transporte das vítimas de abuso sexual que residam longe dos centros urbanos para as consultas de psicologia e psiquiatria. Simultaneamente, será criada uma bolsa de psicólogos e de psiquiatras para apoiar, de forma gratuita, as vítimas dos abusos perpetuados por membros da igreja.

Mais detalhes deverão ser conhecidos hoje, a propósito de uma reunião da Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis.

Ao Jornal de Notícias, Paula Margarido, secretária da equipa de coordenação nacional, explicou que “vai ser criada uma rede de psiquiatras e de psicólogos especializados em abusos sexuais, para que, em todo o país, as vítimas possam ter apoio. No caso em que vivam mais longe dos centros urbanos, será também garantido o transporte gratuito para as consultas.”

A mesma responsável adiantou que “a partir de agora, vai ser disponibilizado o apoio dos especialistas. Para as que já denunciaram os abusos será lançada uma campanha de divulgação” da rede nacional, específica. Neste âmbito, serão disponibilizados números de telefone, “para que entrem em contacto com a coordenação e possam ser apoiadas”, descreveu Paula Margarido.

“Temos a obrigação de reserva e preservar o sigilo das vítimas e, por isso, pedimos para que nos contactem.”

A criação de uma rede de apoio psiquiátrico e psicológico resultou da iniciativa de várias comissões diocesanas de proteção de menores da Igreja Católica. As comissões, por sua vez, foram criadas após um apelo do Papa Francisco.

Esta quarta e quinta-feira estão previstas várias vigílias de oração em solidariedade para com as vítimas de abusos sexuais em todas as dioceses portuguesas. A mobilização, escreve o mesmo jornal, foi feita pelos próprios padres nas missas e nas redes sociais.

A iniciativa terá começado em Lisboa, por via de um grupo de católicos para “mostrar vergonha e pedir perdão”, tendo sido rapidamente seguida por fiéis de todo o país. “Não podemos ficar indiferentes ao que agora sabemos claramente, mas podemos ser proativos para que estas situações não se repitam“, explicou Sofia Thenaisie, uma das responsáveis pela vigília no Porto.

ZAP //

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