“Queremos que a Rússia venha”. Manifestantes pedem invasão russa na Moldova

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Dumitru Doru / EPA

Protestos em Chisinau, na Moldova

Em frente ao edifício do parlamento da Moldova, milhares de pessoas protestaram contra o governo. “Somos motivo de chacota”, disse uma manifestante, contando: “há pessoas com quatro ou cinco filhos que literalmente não têm o que comer”.

No país, as faturas de energia representam mais de 70% do rendimento familiar, de acordo com a Presidente da Moldova. “Quando elegemos este governo, prometeram aumentar os salários e as pensões, mas até agora não vimos um cêntimo”, disse a mesma manifestante, identificada pela BBC como Ala.

Os protestos de domingo, organizados pelo partido Sor, que é pró-Rússia, estão a ser observados de perto por governos em toda a Europa. A maioria dos manifestantes viajou para a capital Chisinau, com os custos cobertos pelo Sor.

Recentemente, a Presidente Maia Sandu alertou que a Rússia planeava enviar infiltrados treinados por militares, disfarçados de civis, para derrubar o governo moldavo, que é aliado de países ocidentais.

A Rússia respondeu, afirmando que a acusação é uma tentativa das autoridades moldavas de desviar a atenção dos seus próprios fracassos sociais e económicos.

A Moldova fica estrategicamente localizada na fronteira com a Ucrânia. O país tem a sua própria região separatista pró-Rússia e depende do gás russo. Em 2022, Moscovo cortou pela metade o fornecimento à Moldova.

Os protestos contra o aumento do preço do gás e da eletricidade começaram no outono. Na semana passada, Maia Sandu disse que a Rússia já havia tentado desestabilizar a situação no país através da crise energética, causando um “grande descontentamento entre a população” e “protestos violentos”.

Nas últimas semanas, 57 pessoas foram impedidas de entrar na Moldova por terem demonstrado apoio à Rússia – incluindo um grupo de adeptos de futebol sérvios e vários boxeadores de Montenegro.

“Está muito claro que a Rússia é um estado agressor”, disse à BBC Rosian Vasiloi, chefe da polícia de fronteira da Moldova. O responsável afimrou que a ameaça já existia desde o começo da guerra da Ucrânia, mas acredita que é “diferente agora; é uma mistura de ameaças de dentro e de fora da Moldova”.

Enquanto a Ucrânia continuar em guerra, acredita que os riscos para o país são menores. “Se a Ucrânia cair, a Moldova será a próxima. Mas não tenho medo”, disse.

Desde o início da guerra, o governo moldavo tentou diversificar as fontes de energia e reduzir a dependência do gás russo, mas os ataques às infraestruturas ucranianas e o custo de importação de eletricidade da Roménia não ajudaram.

Marina Tauber, secretária-geral do Sor – que liderou o protesto em frente ao parlamento – referiu que seu partido não se opõe à União Europeia e quer boas relações com todos os lados. Mas há em no partido quem admita que gostariam de uma intervenção russa.

A uma hora de carro ao norte da capital Chisinau fica Orhei, um reduto do Sor onde a BBC falou com o conselheiro do partido, Iurie Berenchi. “Não temos medo, porque se a Rússia quisesse tomar a Moldova”, era capaz de o fazer “em meio dia”, comentou.

Iurie Berenchi apoia uma possível invasão russa. “Com a Rússia estaríamos muito melhor do que estamos agora”, sublinhou.

Muitas pessoas na capital Chisinau acreditam que laços mais estreitos com o Ocidente podem ajudar a garantir a independência e a democracia da Moldova.

O partido da Presidente Maia Sandu tem uma sólida maioria no parlamento. Mas a visão da multidão do lado de fora é diferente. E existe o risco de que essa pressão política amplie as divisões na sociedade.

O risco fica claro quando a BBC perguntou a Ala e aos seus amigos se acreditavam que a Rússia se quer infiltrar na Moldova. “Sim, deixe-os vir!. Queremos que venham para cá. Queremos fazer parte da Rússia!”, respondeu.

ZAP //

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18 Comments

  1. Bem… o que dizer de um grupo de patetas, arrebanhados por um pró-russo, que acreditam que a salvação dos seus problemas económicos está num país que tem um salário mínimo de 169 euros como tem a Rússia!

    • Ia mesmo dizer isso…
      Vão eles pra lá.. A Russia até diz que dá chá e tudo… SIGA!

      Com sorte dão-lhes casa e tudo no “Donbass”.

    • Há uma coisa chamada democracia na qual é a vontade do povo que determina as decisões soberanas. Não sei se é o caso, mas se uma maioria dos moldavos quisesse uma reunificação com a Rússia – a Moldávia fez parte da União Soviética – então era isso que democraticamente devia acontecer. Mas o conceito de democracia parece estar pouco firme na mente de alguns dos intervenienetes nesta discussão.

      • “Se uma maioria dos moldavos quisesse” é um bom princípio. No fim, parece que não é a maioria que quer unir-se à Rússia. Viva a Democracia.

      • Caro Nuno Cardoso.
        E já desisti de apelar ao ‘bom senso’ há muito tempo.
        A ‘barrage’ de propaganda/desinformação, sem precedentes na história da humanidade, a que todas as pessoas no (chamado) mundo ocidental estão sujeitas não lhes permite um discernimento racional.
        Quando, num passado relativamente recente, se ouvia falar de ‘lavagem cerebral’ (que era o que os nossos governos diziam que se passava nos campos de concentração dos ‘comunistas’) afinal é bem mais evidente nos nossos dias, e não se passa nos regimes dos tais ‘comunistas’.
        É o nosso lado, aqueles que deviam proteger-nos de agressões desse tipo, que são os mestres da manipulação de opinião pública e usam-na contra os próprios cidadãos. Nós!

      • Mas olhe que a maioria dos russos muito provavelmente não quer o Putin. Da mesma forma que a maioria dos chineses não quer os governantes atuais. E o amigo só defende autocratas por aqui…

        • Aposto que a maioria dos americanos não quer o Biden, que a maioria dos alemães não quer o Scholtz, e que a maioria dos franceses não quer o Macron…

          • Mas esses povos votam… E os que refere foram eleitos em eleições democráticas! E os seus amigos?! Também são eleitos em eleições livres onde os opositores não estejam presos ou exilados?! Não tens argumentos. És um tontinho.

          • Não vale a pena perder tempo com quem nem sequer sabe o que são eleições livres. Tens de estudar mais. Todos os que referes foram eleitos em eleições livres.

          • Mas têm a hipótese de se livrarem deles e breve, com uma vantagem enorme quem o determina é a maioria dos votantes em eleições livres e justas. Coisa que jamais acontece com os regimes que tanto admira! Deve existir um problema psicológico anti-social com pessoas do seu tipo. Só se sentem bem debaixo da pata ou sob o chicote de outrem.

  2. É só velhos manipulaveis e com saudades do tempo em que subjugavam outros, além das paradas militares e arrogância nacionalista. Curioso como os regimes fascistas e comunistas têm tanto em comum, são irmãos gémeos, não admira serem aliados contra as democracias Ocidentais.

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