Entidade norte-americanas vai financiar a investigação de um medicamento que potencia a produção de gordura castanha, responsável por aquecer o corpo humano.
Em muitas aldeias deste Portugal (e, certamente, do mundo) há ainda quem veja no álcool uma forma de se aquecer e proteger contra as baixas temperaturas que se fazem sentir — muitas vezes, fruto de padrões culturais.
A ciência esclareceu que o consumo de álcool dilata os vasos sanguíneos, o que acaba por deslocar o fluxo de sangue para as extremidades do corpo humano. Aqui, o líquido quente passa pelos termorrecetores da pele que enviam sinais de calor ao cérebro, que, por sua vez, se traduzem em sentimentos de segurança e acolhimento.
No entanto, este método é uma farsa, já que, apesar de as sensações de calor serem verdadeiras, o facto de o sangue passar próximo da pele significa que o calor vai ser mais facilmente drenado pelo tempo frio, o que aumenta as possibilidades de hipotermia, escreve o Big Think.
Apesar do muito trabalho feito pela ciência nesta área, a verdade é que não há um medicamento que torne o corpo humano resistente ao frio — uma realidade que pode vir a mudar num futuro próximo.
A Defense Advanced Research Projects Agency, entidade norte-americana, anunciou o financiamento de uma investigação que visa descobrir um fármaco que impulsione a atividade de aquecimento da gordura no corpo humano. Jerzy Szablowski, professor assistente de bioengenharia da Universidade de Rice, será o responsável por liderar o esforço.
Cobertor de gordura castanha
É um conceito desconhecido de muitos, mas a verdade é que no corpo humano existem vários tipos de gordura, sendo a branca, que armazena as calorias, a mais conhecida. Já a castanha, que recebe a sua cor a partir de uma preponderância de organelas produtoras de energia (as mitocôndricas), dissolve as calorias brancas armazenadas para produzir calor corporal. Esta constitui, regra geral, 1% (ou menos) do peso do corpo humano.
“Se existisse uma droga que torne a gordura castanha mais ativa, então em vez de passarmos semanas e semanas a adaptar-nos ao frio, pode ter um melhor desempenho em poucas horas”, disse Szablowski numa declaração. O investigador imagina que o medicamento possa ser administrado a indivíduos que sofram de hipotermia ou, por exemplo, exploradores polares.
Os resultados de pesquisas anteriores parecem fornecer aos autores da atual investigação algumas pistas extremamente úteis. Por exemplo, em outubro do ano passado, os cientistas do Scripps Research Institute conseguiram identificar um metabolismo produzido pelo corpo, chamado myristoylglycine.
Este sistema permitiu a criação de células de gordura castanha em ratos da laboratório sem que dali resultassem efeitos secundários.
Enquanto os resultados da pesquisa atual não são conhecidos, há algumas dicas e gestos que podem ser adotados pelos indivíduos que estão mais sujeitos ao frio. Por exemplo, o exercício físico, está cientificamente comprovado, que consegue transformar a gordura branca em castanha.
Simultaneamente, dormir em divisões mais frias também pode resultar, ainda que com menos resultados. Comer uma dieta rica em ferro com alimentos como carne e marisco, grãos, vegetais e feijão também pode aumentar os níveis de gordura castanha.
Que venha depressa. Gasto muita lenha no tempo frio.