Namorado de Eva Kaili assume envolvimento no Qatargate — e pode ser bode expiatório

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O namorado de Eva Kaili, agora ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, admitiu às autoridades estar envolvido no esquema de corrupção que tinha como objetivo influenciar as decisões do Parlamento Europeu em benefício de Qatar e Marrocos.

Francesco Giorgi seria o principal responsável por recolher subornos em troca de benefícios aos países envolvidos no esquema, o que, entre outros favores, passaria por limpar a imagem do Estado do Médio Oriente junto da União Europeia, explica o Jornal de Notícias.

No entanto, Giorgi pede a libertação da companheira. O assistente parlamentar desculpabilizou a namorada, prometendo fazer “tudo o que é possível” para que esta seja libertada e possa tomar conta da filha de 22 meses.

“Fi-lo por dinheiro e não porque preciso”, justificou Giorgi, citado pelo La Repubblica, apontando ainda o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri como o cérebro do esquema.

Panzeri foi acusado de receber subornos das autoridades qataris para fazer lobby em favor do país que recebe o Campeonato do Mundo de 2022. Além do Qatar, também Marrocos lhe terá pagado.

A acusação sugere que Pier Panzeri e Maria Colleoni terão recebido um cartão de crédito com 100 mil euros, de alguém intitulado de ‘O Gigante’. O casal terá gastado este dinheiro numas férias de Natal. Durante as buscas a casa da Panzeri foram ainda encontrados 600 mil euros em dinheiro.

Giorgi, Panzeri e Kaili são três dos acusados por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro no âmbito do Qatargate. No entanto, a rede é maior e há cada vez mais nomes a serem apontados.

Alexandros Kailis, pai de Eva Kaili, também está a ser investigado por alegado envolvimento, já que tinha em sua posse uma mala com cerca de 650 mil euros. Niccolo Figa-Talamanca, secretário-geral de uma organização não-governamental de defesa dos direitos humanos italiana, também é visado.

O advogado da antiga vice-presidente do Parlamento Europeu defende a sua inocência: “O dinheiro foi encontrado na casa e a pessoa que o pôs lá foi o companheiro dela. Quando encontrámos o dinheiro e não obtivemos uma resposta satisfatória acerca da sua origem, ela [Kaili] exigiu imediatamente que o dinheiro saísse da casa”.

Assim, Giorgi pode servir como uma espécie de bode expiatório para Kaili, acatando com as culpas e ilibando a sua companheira.

Por outro lado, Francesco Giorgi implicou no caso os eurodeputados Andrea Cozzolino, chefe da delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Magrebe, e Marc Tarabella. Segundo o companheiro de Eva Kaili, Cozzolino e Tarabella beneficiaram do esquema montado através de Panzeri.

Documentos a que o jornal belga Le Soir teve acesso revelam contactos entre Panzeri, Cozzolino e Giorgi e também com os serviços de informação de Marrocos e o embaixador deste país na Polónia, Abderrahim Atmun.

Francesco Giorgi vai permanecer detido, depois de ter comparecido na quarta-feira perante um tribunal de Bruxelas, juntamente com Pier Antonio Panzeri. Eva Kaili também permanecerá em prisão preventiva pelo menos até comparecer em tribunal na próxima quinta-feira, 22 de dezembro.

Daniel Costa, ZAP //

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