Uma ativista australiana que bloqueou o trânsito na Ponte da Baía de Sydney, em abril deste ano, foi agora condenada a 15 meses de prisão, não tendo direito a sair sob fiança durante os primeiros oito meses.
Segundo relataram esta sexta-feira o Guardian e a ABC News, Deanne Maree Coco, conhecida por Violet Coco, foi declarada culpada de sete acusações – entre elas o uso e a modificação de um explosivo fora das recomendações legais e a resistência a uma ordem da polícia durante a detenção.
De acordo com o Guardian, a ativista de 32 anos deverá também ter de pagar uma multa de 2500 dólares australianos (cerca de 1615 euros).
A manifestante, quer recorrer da decisão, vai ficar sob custódia até março de 2023, data do próximo julgamento. O seu advogado considerou “ultrajante” e “surpreendente” o facto de lhe terem negado fiança antes do recurso.
“Há sempre o direito a pedir nova fiança a não ser que se trate um infrator violento que não tenha obedecido aos termos. Nos meses em que estava sob fiança, ela fez tudo – nunca faltou ao tribunal”, referiu Mark Davis.
Durante o julgamento, argumentou-se que Violet Coco agiu devido à ansiedade climática que sentia, não tendo intenção de bloquear a circulação do trânsito. A polícia relatou que o protesto impediu até a passagem de uma ambulância com as sirenes ligadas, mas a defesa negou tal facto.
Num vídeo publicado na página de divulgação e apoio ao seu ativismo, Violet Coco afirmou saber quais eram os riscos desta ação, onde tentou chamar a atenção para o facto de os bombeiros “não terem o que precisam” para proteger os australianos, devido às condições climáticas cada vez mais severas.
“Temos de levar a sério a emergência climática, e sinto que é isso que as minhas ações estão a fazer. Estou a demonstrar a urgência da situação em que nos encontramos. Não quero mesmo ir para a prisão e não quero mesmo fazer isto – não é confortável, não é divertido -, mas reconheço que é necessário porque estão vidas em jogo”, continuou.
A ativista tem esperança de que é possível “mudar a nossa atual trajetória” através da “resistência civil pacífica”.
Coco faz parte de uma campanha de ativismo e resistência climática designada por Fireproof Australia. A 13 de abril, o grupo organizou um protesto na Ponte da Baía de Sydney. Na altura, o Canberra Times revelou que quatro membros estacionaram um camião a meio da ponte para bloquear o trânsito em plena hora de ponta.
Violet Coco era um dos elementos. A ABC News relatou que a ativista tinha na sua posse um sinalizador de fogo aceso.
No início de 2022, após uma série de protestos, o governo da Nova Gales do Sul criou leis mais duras para manifestantes não violentos, com multas maiores e penas até dois anos de prisão. Foram criadas leis semelhantes noutros estados da Austrália, como Tasmânia e Vitória..
“A decisão de hoje é uma prova adicional de que os ativistas climáticos estão a ser sujeitos a ação legal vingativa pelas autoridades australianas, que estão a restringir o direito à liberdade de assembleia e expressão pacífica”, disse ao Guardian a investigadora Sophie McNeill, do Human Rights Watch Australia.