Uma forma inesperada de evitar um monte ainda maior de lixo electrónico. A Natureza pode ajudar.
Tem-se repetido a discussão sobre o futuro do lítio, depois de ser utilizado na bateria dos carros eléctricos. Reciclável? Lixo?
Mas há muito tempo que o lixo electrónico existe. E não pára de aumentar. Entre máquinas de lavar, frigoríficos, automóveis… E, claro, agora milhões de telemóveis que seguem para o lixo.
Fazendo uma comparação com algo muito famoso, todos os dias há lixo electrónico correspondente a 14 Torres Eiffel.
A reciclagem existe mas, muitas vezes, é um processo complexo e, também em muitos casos, a percentagem do material realmente reciclado é mínima.
Mas a Natureza pode ajudar a evitar um monte ainda maior de lixo electrónico, no planeta.
Como? Colocando na composição dos telemóveis componentes biodegradáveis – uma ideia que não é nova.
Um estudo focado numa tecnologia biodegradável – publicado no sábado na Science Advances – tenta mostrar que é melhor pensar em materiais e abordagens sustentáveis desde o início, para evitar o desperdício, que já é visível.
A equipa da Universidade de Linz, na Áustria, responsável por este projecto, está a desenvolver uma base para electrónicos sustentáveis feitos da pele do micélio.
O micélio é rico em quitina e celulose; e compõe a maior parte do corpo de um…cogumelo.
Um material utilizado normalmente para isolar e arrefecer circuitos electrónicos.
Mas os austríacos mostram que a pele do cogumelo pode substituir os polímeros plásticos não recicláveis. E dar outra sustentabilidade à criação de telemóveis, por exemplo.
Só são precisas duas coisas: alguma madeira em decomposição e os esporos certos.
A equipa de Linz vai tentar corrigir alguns processos, no momento de cultivo, para uniformizar o micélio. Mas a solução vai continuar a ser testada e aprofundada.