Lagarde contraria chefes de governo e lembra: “Temos de fazer o que temos de fazer”

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Ronald Wittek / EPA

A presidente do BCE, Christine Lagarde.

Lagarde apelou ainda aos Governos para que implementem medidas “temporárias e direcionadas”, “não provocando ainda mais inflação”.

Apesar de ter afirmado taxativamente que o trabalho do Banco Central Europeu é controlar a inflação, o problema “que mais preocupa as pessoas” atualmente, Christine Lagarde, presidente do organismo, não se livrou das críticas de múltiplos chefes de Governo e de Estado, após um novo anúncio de uma subida acentuada das taxas de juro (depois de 0,5 pontos percentuais em julho e 0,75 pontos percentuais em setembro, a subida será novamente de 0,75 pontos percentuais).

Em desacordo parecem estar os governos nacionais, que temem uma contração do consumo e do investimento, ao mesmo tempo que famílias e empresas assistem à subida dos custos do acesso ao crédito, deixando em perspetiva uma recessão na Zona Euro. Em linha com as críticas deixadas por Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, também Emanuel Macron, presidente de França, acusou o BCE de estar a “despedaçar a procura”. Já Giorgia Meloni, presidente de Itália, classificou a decisão como “precipitada“.

No caso português, António Costa explicou que as “sucessivas subidas das taxas de juro não contribuem para o controlo da inflação, contribuem para aumentar o risco de recessão das economias europeias”. Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa alinhou nas críticas. “Vale a pena pensar, e pensar o mais próximo possível, se é de continuar este galope, porque pode ser a maneira não certa, não correta de resolver o problema, nem o da inflação nem o do crescimento económico”.

A resposta de Christine Lagarde não se fez esperar, lembrando os líderes europeus dos mandatos e responsabilidades atribuídos ao Banco Central Europeu nos tratados europeus. “Temos de fazer o que temos de fazer, um banco central tem de se focar no seu mandato, que é o de garantir a estabilidade de preços”. A responsável garantiu ainda que o organismo “não vai estar dependente nem da política orçamental nem dos mercados financeiros”.

“A inflação é o que mais preocupa as pessoas neste momento e o nosso trabalho é lutar contra a inflação”, reforçou. “Quer isto dizer que somos indiferentes ao risco de recessão? Obviamento que não. E estamos particularmente preocupados com aqueles que têm rendimentos mais baixos e que estão numa posição mais vulnerável, não só ao risco de recessão como à realidade da inflação. Quando combatemos a inflação, pensamos no nosso mandato, mas também pensamos nessas pessoas que estão a sofrer mais com a inflação”. Quanto à decisão “é a mais apropriada, não só para a estabilidade de preços, como também para a evolução da economia a prazo”

Lagarde apelou ainda aos Governos para que implementem medidas “temporárias e direcionadas“, “não provocando ainda mais inflação”. “Isso levaria a que tivéssemos de tomar medidas ainda mais duras“.

ZAP //

1 Comment

  1. Tudo o que é corrupto e incompetente vai parar ao bce!
    Aliás tem que ser mesmo o mais corrupto e incompetente possível, senão não entra no bce!

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