Neurocientista define os cinco truques do cérebro (para fazer todos os dias)

A Internet está repleta de truques. A melhor maneira de cortar um abacate? Há um truque para isso. Melhor forma de fazer malas? Também há um truque para isso.

Mas quando se trata de truques para no cérebro, não há ninguém que entenda melhor como aproveitar o seu poder do que um neurocientista.

Tara Swart, neurocientista cujo trabalho é aprender como atingir o pico de desempenho cerebral, está a utilizar esse conhecimento e a implementá-lo na sua própria vida, segundo avança a Well and Good.

Swart afirma que dá prioridade a alguns “hacks” (truques) cerebrais todos os dias para reduzir o stress, melhorar o humor, e ajudá-la a atingir os seus objetivos.

Respirar fundo

Ao acordar, a primeira coisa que a neurocientista faz é respirar 10 a 20 vezes fundo. Concentra-se em libertar qualquer tensão muscular no seu corpo, o que ajuda a deslocar a energia presa e torna-a mais adaptável e recetiva durante o dia, de forma a conseguir atingir os seus objetivos.

Respirar fundo permite suportar a neuroplasticidade, que é a capacidade do nosso cérebro de ser flexível e aprender e crescer ao longo da vida.

“A neuroplasticidade dá-nos o poder de mudar o nosso cérebro — e, portanto, reinventar a nossa vida em qualquer idade, qualquer fase, ou qualquer mentalidade”, sublinha a neurocientista.

Por exemplo, se há um hábito que queremos abandonar ou um objetivo que queremos alcançar, a neuroplasticidade é o que nos permite fazer essas mudanças, em vez de ficarmos presos a velhos hábitos ou formas de pensar.

“A respiração mais profunda pode também reduzir o tamanho da amígdala, o que promove os efeitos de redução do stress. A amígdala é a parte do cérebro que deteta se se está em perigo e ativa a luta ou a resposta”, salienta Ana Lilia, professora certificada de respiração.

“Quando se pratica a respiração diafragmática, ativa-se o sistema nervoso parassimpático e entra-se no modo ‘descanso e digestão’, o que ajuda a baixar a pressão arterial e os níveis de cortisol”, acrescenta a especialista.

Visualizar os nossos objetivos

Se ainda não tivermos um quadro de visão, ou como Swart lhes chama, “quadros de ação”, está na hora de criar um. “Um quadro de ação é uma colagem, feita à mão ou em formato digital, com representações literais ou metafóricas do que desejamos na vida”, explica a neurocientista.

No entanto, os quadros servem para mais do que apenas visualizar. “Olhar para estas imagens diariamente, visualizá-las como sendo verdadeiras, experimentar o que isso nos faz sentir, e agradecer por isso, prepara o cérebro para perceber e agarrar oportunidades no mundo real e tornar estes objetivos reais“, explica Swart.

O cérebro tem esta capacidade através de uma atenção seletiva e de uma hierarquia de valor. “A atenção seletiva é literalmente prestar atenção, ou reparar, nas coisas que são relevantes para nós prosperarmos, e não apenas sobrevivermos”, nota.

“A hierarquia é a forma como o cérebro marca as coisas por ordem de importância, e os estímulos visuais do quadro de ação têm um impacto sobre isto, em vez de sair para o mundo sem imagens claras do que realmente se quer”, acrescenta Swart.

Passar tempo na natureza

“Ando ao ar livre na natureza, ou ando descalça o mais frequentemente possível, tanto pelo movimento como pela oxigenação, mas também pelos incríveis benefícios para o cérebro e corpo de passar tempo na natureza: melhor humor, menos stress, mais atenção, menos ansiedade”, realça Swart.

Uma vez que a luz solar também ajuda a melhorar o humor e a aumentar a energia e o movimento, é ótima para a saúde mental e física. É possível colher muitos benefícios com esta prática diária.

Escrever uma lista de gratidão

Swart lista 10 coisas pelas quais está grata todos os dias e aconselha a fazer o mesmo com recursos internos pelos quais estamos gratos, tais como resiliência, criatividade, ou vulnerabilidade, juntamente com a gratidão pelas coisas que desejamos como se já fossem verdadeiras.

“Isto muda o cérebro da hormona cortisol-estresse do medo para o amor/oxitocina e dopamina — o que nos permite correr riscos saudáveis, em vez de nos contermos e ficarmos presos”, explica a neurocientista.

Não tendo experiência em escrever listas de gratidão, Swart aconselha o uso de um diário com instruções incorporadas, para ajudar a fluir esse pensamento.

Silenciar a mente

Outra prática que Swart incorpora na sua rotina diária é criar tempo e espaço para acalmar a mente, o que ajuda a induzir a criatividade no cérebro.

“Passo regularmente algum tempo apenas a ‘existir’ em vez de permitir que a minha mente vagueie”, explica a neurocientista.

“A mente vaguear desloca o cérebro do ‘modo de controlo’, que é ligado ao foco da tarefa, para o ‘modo padrão’, que tem a ver com geração de ideias, resolução de problemas com ideias ‘outside the box’, e pensamento criativo”, conclui Swart.

Alice Carqueja, ZAP //

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