A longa espera do “eterno príncipe” terminou. O que pode reservar o rei Carlos III?

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Andy Rain / EPA

O agora rei Carlos III.

A longa espera de Carlos III valeu-lhe a alcunha de “eterno príncipe”. Quem é o novo rei britânico e o que é que se pode esperar dele?

A Família Real britânica anunciou, esta quinta-feira, a morte da rainha Isabel II. Sucede-lhe o filho, o príncipe Carlos III. O que é que se pode esperar deste novo monarca que teve uma longa espera de 70 anos.

Carlos, que esteve em Balmoral com a rainha, vai agora viajar para Londres, onde está a primeira audiência com a nova primeira-ministra britânica, Liz Truss.

O rei Carlos III herdou esta quinta-feira da mãe o trono do Reino Unido e uma fortuna pessoal estimada em 370 milhões de libras (cerca de 425,6 milhões de euros), que receberá sem pagar imposto sucessório, num privilégio reservado às transmissões reais.

Segundo o jornal britânico The Sunday Times, a fortuna pessoal da soberana falecida esta quinta-feira, subiu cinco milhões de libras face a 2021. Da fortuna faz parte património como o castelo de Balmoral, na Escócia, onde Isabel II morreu e que é o destino de verão da família real britânica.

Também a residência de Sandringham, na Inglaterra, é propriedade privada do monarca britânico, sendo o local onde a família habitualmente celebra a passagem do ano.

A Rainha possuía também uma grande carteira de ações e uma coleção de selos reais estimada em 100 milhões de libras (115 milhões de euros), segundo noticiava o jornal britânico The Times em 2021.

A fortuna de Isabel II vai juntar-se ao património pessoal que Carlos III já tem, estimado em 100 milhões de euros.

Carlos III, e 73 anos, terá seu lado no trono Camila, a sua segunda mulher, com quem casou em 2005.

Camila, de 75 anos de idade, vai ter o título de Rainha Consorte, como pediu Isabel II em fevereiro deste ano durante as celebrações dos 70.º aniversário do seu reinado.

Quando casou com Carlos, Camila abdicou de ser a princesa de Gales, como lhe cabia por direito, mas não quis ficar com o título que tinha sido de Diana, a popular primeira mulher do agora Rei que morreu em 1997. O título de Rainha Consorte não lhe dá qualquer poder de soberana.

Desde o casamento com Carlos, Camilla tem assumido dezenas de deveres reais e apoia ou preside a mais de 90 instituições de caridade. Tem demonstrado interesse particular por questões relacionadas com a defesa e proteção animal e pelos direitos das mulheres.

O fim do “eterno príncipe”

Os 70 anos de espera até subir ao trono valeram a alcunha de “eterno príncipe” a Carlos. Chegou, enfim, a hora do monarca assumir os afazeres da coroa britânica. “Há tantas coisas que precisam de ser feitas”, já tinha assumido Carlos numa entrevista à Vanity Fair.

Carlos Filipe Artur Jorge nasceu no Palácio de Buckingham como o primeiro neto do rei Jorge IV e da rainha Isabel. Formou-se em Artes pela Universidade de Cambridge e serviu na Força Aérea e na Marinha.

Em 1981, Carlos casou-se com a princesa Diana, com quem teve dois filhos: William e Harry. No entanto, 15 anos depois, o casal divorciou-se após casos extraconjugais. Carlos mantinha secretamente um romance com a atual rainha consorte Camilla Parker Bowles.

Lady Di viria a morrer um ano depois, vítima do infame acidente de carro em Paris. Em 2005, Carlos casou-se com Camilla.

Como príncipe de Gales, Carlos assumiu funções oficiais em nome da rainha. Fundou o The Prince’s Trust em 1976, patrocina The Prince’s Charities e é patrono, presidente ou membro de mais de 400 outras instituições de caridade.

Um autoproclamado ambientalista, Carlos falou publicamente sobre questões como agricultura orgânica e alterações climáticas.

O seu apoio à medicina alternativa, incluindo a homeopatia, tem sido alvo de críticas. Além disso, as suas opiniões sobre o papel da arquitetura na sociedade e a conservação de edifícios históricos receberam atenção significativa de arquitetos britânicos e críticos de design.

Desde 1993, Carlos trabalhou na criação de “Poundbury”, uma nova cidade experimental baseada em seus gostos arquitetónicos. Carlos também é autor e coautor de vários livros.

A traição a Lady Di não é o único escândalo em que Carlos III se viu envolvido. Em 2017, 13,4 milhões de arquivos eletrónicos conhecidos como Paradise Papers revelavam que Carlos estava entre as muitas figuras mundiais que possuíam investimentos offshore.

O seu papel de ambientalista foi questionado. Em 2007, o príncipe tinha feito campanhas para alterar as políticas ambientais, permitindo a troca de créditos de carbono de florestas húmidas e sem revelar que beneficiava financeiramente com essas ações, recorda o Expresso.

A verdade é que pouco se sabe, até ao momento, de como Carlos planeia reinar após o longo mandato de Isabel II. Poderemos assistir a uma revolução na monarquia britânica ou será que o “eterno príncipe” vai manter as diretrizes da sua antecessora?

Os especialistas na família real britânica admitem que a educação recebida levará Carlos a cultivar uma postura diferente de Isabel II, assumindo posições em público sobre os mais diversos temas.

“Não se pode ser o mesmo como soberano e como Príncipe de Gales ou herdeiro”, disse o novo rei numa recente entrevista à BBC. Carlos operará dentro de “parâmetros constitucionais”.

Títulos apenas para William e seus filhos

O príncipe de Gales e agora rei britânico tem como plano reestruturar a monarquia britânica já há algum tempo. Carlos III planeia fazer cortes nos títulos monárquicos, como relatado anteriormente pela imprensa britânica.

A linha de sucessão no site da monarquia inglesa mostra os 22 membros mais altos da família real. Charles planeia reduzir a monarquia a uma equipa de apenas sete membros-chave, todos eles da realeza, escreve a Insider.

Esta será uma forma do novo rei lidar da melhor forma com os escândalos de relações públicas, mantendo o poder monárquico coeso num pequeno grupo de pessoas. Paralelamente, esta layoff monárquico permitiria reduzir as despesas de quem é financiado pela concessão soberana.

A nova versão da monarquia britânico pode incluir, além de Carlos e Camilla, o príncipe Eduardo, conde de Wessex, e Sofia, condessa de Wessex, o duque e a duquesa de Cambridge e a princesa real Ana.

Daniel Costa, ZAP // Lusa

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10 Comments

  1. Eu se tivesse acabado de dar poder a alguém como Liz Truss também desistia de viver, especialmente depois de a “Avis rara” ser precedida por Bojo.

    De qualquer forma, é bom saber que no final do jogo tanto a rainha como o peão voltam para a mesma caixa …

      • O greave, é ir para o Panteão, essencialmente lixo humano, gente hipócrita e que vivia na sobreba e da inveja, caso do filo-nazi Humberto Delgado e da Sofia Mello. E querem lá enfiar um dos maiores traidores e usurpadores nacionais, pai da matança de bebés.

      • Eles vão para o Panteão vivos ou no estado de despojo? Creio que a minha afirmação subsiste …

  2. “A traição de Lady Di não o único escandâlo em que Carlos se viu envolvido” ?????? Antes de Lady Di o ter traído já Carlos a traía há muito tempo, mas desde Eva que a culpa é sempre das mulheres, certo?

  3. “O rei Carlos III herdou esta quinta-feira da mãe o trono do Reino Unido e uma fortuna pessoal estimada em 370 milhões de libras (cerca de 425,6 milhões de euros), que receberá sem pagar imposto sucessório, num privilégio reservado às transmissões reais.”

    Estes são os milhões que podem ser declarados publicamente, mais as fortunas escondidas, destes sugadores de impostos que vêm dos tempos ancestrais e que são idolatrados pelas pessoas que são sugadas :/

    Estamos no Sec XXI, monarcas ? Sanguessugas, sim. Que ridículo

    Só imagino os milhões agora gastos no funeral, a grande maioria esquece por momentos, os momentos que atravessamos… Pobres dos tristes mortais que nasceram plebeus :/

  4. O mais admiráve das monarquias – e nomeadamente da monarquia britânica – é a simplicidade e automatismo da sucessão da chefia do estado. Morre Isabel II e , no minuto seginte, a primeiro-ministro refere-se, no seu discurso, ao Rei Carlos III. Nas monarquias a chefia do estado não é uma função executiva, é uma função de representação da unidade e identidade do povo. O monarca preside a essa unidade e a essa continuidade, e o governo e o parlamento, eleitos democraticamente, governam e fazem as leis. Esta dualidade institucional funciona de forma quase perfeita.

    Há em Portugal quem nunca tenha percebido isto e se congratule com o facto de, em 1910, se ter eliminado a monarquia em Portugal. Esquecem esses que, tivesse a monarquia perdurado, muito provavelmente não teríamos tido nem Estado Novo nem Salazar nem ditadura, e talvez não tivéssemos tido guerras em África. Mas o facciosismo tem mais peso do que a razão. Por mim, no que diz respeito às instituições, invejo a Grã-Bretanha…

  5. Coitada da rainha … Recebeu a conta da luz e o coração não aguentou. Finou-se!

    Boa oportunidade de gastarem agora milhões num funeral enquanto os “súbditos” enregelam e vão à falência.

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