Estudo descobre ligação entre ressonar e maior risco de cancro

A privação de oxigénio causada pela obstrução das vias respiratórias está associada a um maior risco de se desenvolver cancro.

Ressonar não é só incómodo — pode também estar associado a mais problemas de saúde. De acordo com um mega-estudo apresentado no Congresso Internacional da Sociedade Europeia da Respiração, quem sofre de apneia obstrutiva do sono (AOS) tem um maior risco de desenvolver cancro. Apesar de nem toda a gente que ressona sofrer desta apneia, o ressonar é o dos principais sintomas da doença.

A AOS é um distúrbio comum que afeta entre 7% e 13% da população, estando caracterizada pela obstrução parcial ou completa das vias respiratórias superiores durante o sono. Quem tem excesso de peso, é diabético, fuma ou consome álcool em excesso tem um maior risco de desenvolver AOS.

Já se sabia da ligação entre a AOS e o cancro, mas este é o primeiro estudo a determinar que a relação é causal e não apenas uma correlação, independentemente de outros fatores, escreve o SciTech Daily.

Os cientistas analisaram os dados de 62 811 pacientes cinco anos do início do seu tratamento para a AOS, na Suécia. Entre Julho de 2010 e Março de 2018, os pacientes foram tratados e estes dados foram depois ligados aos do Registo Nacional de Cancro e aos dados socioeconómicos da Suécia.

2093 pacientes com um diagnóstico de cancro até cinco anos depois do diagnóstico de AOS foram comparados a um grupo de controlo igualmente com 2093 pacientes com AOS, mas sem cancro.

Os cientistas também mediram a severidade da AOS e concluíram que os os pacientes com cancro tinham uma AOS ligeiramente mais severa e que a privação de oxigénio durante o sono causada pela obstrução das vias respiratórias está diretamente associada a um maior risco de cancro.

“As conclusões deste estudo reforçam a necessidade de se considerar a apneia de sono que não é tratada como um fator de risco para o cancro e os médicos têm estar cientes desta possibilidade quando tratam os pacientes”, escrevem os autores.

Os autores querem agora aumentar a amostra e seguir os participantes durante mais tempo num estudo futuro que se debruçará sobre a potencial influência dos tratamentos à apneia na incidência do cancro e na taxa de sobrevivência.

Para além desta pesquisa, foi ainda apresentado no Congresso um estudo que concluiu que a AOS está ligada a uma maior quebra nas capacidades de processamento do cérebro nos mais velhos, especialmente para os homens e para quem tem mais de 74 anos. Outra pesquisa revelou ainda que os pacientes com esta apneia têm um risco acrescido de desenvolver coágulos sanguíneos nas veias.

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