Novo estudo mostra que ter um esconderijo secreto de chocolates ou esconder intencionalmente compras do parceiro pode ser bom para a relação.
No primeiro estudo sobre os aspetos emocionais e comportamentais do secretismo do consumidor, investigadores da Universidade do Indiana, da Universidade de Connecticut e da Universidade de Duke descobriram que a sensação de culpa do consumo secreto permite, normalmente, um maior investimento na relação.
“No nosso estudo, descobrimos que 90% das pessoas mantiveram comportamentos de consumo do quotidiano em segredo, em relação ao parceiro, apesar de também relatarem que não pensam que o seu parceiro se importaria se soubessem”, afirma Kelley Gullo Wight, professor na Kelley School e um dos autores principais do estudo.
“Embora a maioria destes atos secretos sejam bastante usuais, ainda podem — positivamente — ter um impacto na relação”, acrescenta o autor do estudo, publicado no Journal of Consumer Psychology.
A maior parte da investigação sobre segredos centrava-se naqueles que escondiam informações significativas e negativas, tais como traumas ou assuntos extraconjugais. Esses estudos focavam-se, maioritariamente, nos resultados negativos do secretismo.
No novo estudo, os investigadores exploraram os segredos que as pessoas mantinham relativamente aos seus hábitos de consumo, e quais as consequências.
Descobriram que guardar segredos sobre o consumo diário — como comprar uma pizza ou ver mais episódios do que o suposto, numa série vista em conjunto — pode causar pequenos sentimentos de culpa, mas também pode fazer com que as pessoas queiram investir mais nas suas relações, o que é um efeito positivo.
Esse “maior investimento nos relacionamentos” pode incluir gastar mais no Dia dos Namorados, ou estar disposto a ver o filme favorito do parceiro, por exemplo.
Os investigadores realizaram uma série de estudos e recolheram dados de casais, de ambos os lados das relações, perguntando-lhes sobre o consumo secreto que tinham escondido um do outro. Também recolheram dados a partir de exemplos hipotéticos.
A maioria dos participantes inquiridos disse que o seu consumo secreto era melhor descrito como um produto (65%), seguido por uma experiência (12%) e um serviço (10%). Os alimentos ou bebidas foram os mais citados (40%), seguidos de vestuário, joias ou um passatempo (10%), um presente ou doação (8%), e um produto de saúde, beleza ou bem-estar (6,3%), segundo noticia a Science Daily.
“Uma das minhas descobertas favoritas é que os parceiros guardam, normalmente, os mesmos segredos uns dos outros”, notou Brick, co-autor do estudo. “Num casal, ambos os parceiros relataram ter comido secretamente carne quando ambos, supostamente, eram vegetarianos”.
Wight realçou que as suas descobertas oferecem às empresas a possibilidade de criarem formas de ajudar os consumidores a utilizar os produtos em segredo.
Por exemplo, os comerciantes podem perguntar aos consumidores quando vão utilizam os seus produtos, para que possam apoiar melhor a utilização secreta.
“Descobrimos que as pessoas normalmente mantêm o consumo em segredo de uma pessoa específica, não necessariamente de todos, o que significa que encorajar o consumo secreto não deve inibir outras estratégias de marketing, tais como o boca a boca”, sublinhou Wight.
Estudos futuros podem analisar as razões pelas quais as pessoas se envolvem neste tipo de comportamento. Mas, por agora, a investigação sugere que o consumo secreto pode ser vantajoso tanto para o comerciante como para o consumidor.
Por isso, podemos manter o nosso esconderijo secreto de chocolates, segundo dizem os investigadores. Pode ser bom para as nossas relações.