A Google informou aos seus funcionários sobre a possibilidade de serem transferidos para locais onde o direito ao aborto se mantém, após o Supremo Tribunal dos Estados Unidos (EUA) ter revertido o direito federal à interrupção voluntária da gravidez e de vários estados já terem aplicado a medida.
Na sexta-feira, a diretora dos recursos humanos da Google, Fiona Cicconi, enviou um e-mail aos funcionários, informando-os posição da empresa, que surge após os juízes de maioria conservadora terem revertido a decisão Roe v. Wade, que vigorava desde 1973 e garantia o direito ao aborto durante os dois primeiros trimestres da gravidez.
Após a decisão do Supremo, cabe aos governos estatais decidir se mantêm a legalidade do aborto e as circunstâncias em que se podem realizar. Estados como o Missouri, Louisiana e Kentucky já restringiram o direito. Já a Califórnia, onde a Google tem a sua sede, prometeu proteger os direitos relacionados ao aborto.
No e-mail, citado pela Variety, a empresa reconheceu que esta é “uma mudança profunda para o país”, destacando que os funcionários podem “solicitar a recolocação sem justificação” e que os responsáveis pelo processo de transferência estarão “cientes da situação” ao avaliar os pedidos.
No e-mail, a Google referiu que a “equidade é extraordinariamente importante” para a empresa e que partilha as preocupações sobre “o impacto que esta decisão terá na saúde, vida e carreira das pessoas”.
“Continuaremos a trabalhar para tornar a informação sobre cuidados de saúde reprodutiva acessível em todos os nossos produtos e continuaremos o nosso trabalho para proteger a privacidade dos utilizadores”, lia-se na mensagem.
“Para apoiar a Googlers e os seus dependentes, o nosso plano de benefícios e seguro de saúde dos EUA cobre procedimentos médicos fora do estado que não estão disponíveis onde um funcionário vive e trabalha”, indicava a nota, onde se lia que sessões de apoio estavam a ser organizadas para os próximos dias.
De acordo com a CNBC, a Salesforce teve uma postura semelhante, tal como a Apple “Como já dissemos anteriormente, apoiamos os direitos dos nossos funcionários a tomarem as suas próprias decisões relativamente à sua saúde reprodutiva”, disse um porta-voz da Apple à CNBC.
“Durante mais de uma década, os benefícios abrangentes da Apple têm permitido aos nossos funcionários viajar para fora do seu estado para receber cuidados médicos, caso estes não estejam disponíveis no seu estado de origem”, acrescentou.
Em maio, a Amazon disse aos funcionários que cobriria as despesas de viagem até 4000 dólares por ano para tratamento médico, incluindo o aborto, noticiou na altura a Reuters, antecipando-se à decisão de limitar o acesso ao procedimento.
Ao New York Times, a Meta, detentora do Facebook e da Instagram, disse que tencionava “oferecer reembolsos de despesas de viagem, na medida do permitido por lei, aos funcionários que necessitassem [desse apoio] para aceder a cuidados de saúde e serviços reprodutivos fora do estado”.
Entretanto, o Texas avisou as empresas que poderiam ser proibidas de operar naquele estado se pagassem as viagens de funcionários para realizarem a interrupção voluntária da gravidez noutro estado, de acordo com o Texas Tribune.
A Lyft recebeu uma carta assinada por 14 membros republicanos da Câmara dos Representantes do Texas, após o diretor executivo ter declarado que apoiaria os funcionários nessa matéria, avançando ainda que pagaria as despesas aos condutores que transportassem as pessoas para realizarem o procedimento médico.