Uma orelha feita a partir das próprias células da mulher foi implantada cirurgicamente, segundo a empresa que inventou a tecnologia.
No que parece ser uma estreia mundial, as próprias células de uma paciente foram usadas para impressão 3D de tecido — uma orelha —- que depois foi implantada sob a pele do paciente, segundo noticia o The New York Times.
A cirurgia também foi anunciada num comunicado de imprensa da 3DBio Therapeutics, a empresa que desenvolveu a tecnologia. No entanto, o estudo ainda não foi revisto por pares.
Os especialistas revelam que é um avanço importante e um passo na direção da utilização desta tecnologia para imprimir tecidos mais complexos e, possivelmente, até órgãos para transplante.
“É definitivamente um grande avanço”, congratula Adam Feinberg, engenheiro biomédico da Universidade Carnegie Mellon.
“Mostra que esta tecnologia já não é um ‘se’, mas sim um ‘quando’“. Feinberg é também co-fundador da FluidForm, outra empresa que trabalha para a impressão 3D de tecidos de substituição.
Segundo o comunicado da 3DBio, o implante fez parte de um ensaio clínico da tecnologia que inclui 11 pacientes com microtia, uma condição na qual a parte externa da orelha não se desenvolve normalmente.
Segundo o New York Times, a empresa não forneceu detalhes sobre o procedimento, mas envolveu a colheita de uma pequena amostra das células de cartilagem do paciente, que foram depois expandidas e incorporadas com outros ingredientes para fazer um bio-enxerto com colagénio.
Uma impressora 3D moldou essa tinta numa estrutura correspondente ao ouvido normal do paciente, e o ouvido impresso foi então implantado por Arturo Bonilla do Microtia-Congenital Ear Deformity Institute em San Antonio, que realiza regularmente cirurgias de reconstrução em pacientes com microtia.
“Se tudo correr como planeado, isto irá revolucionar a forma como estas cirurgias são feitas”, sublinha Arturo Bonilla,.
Atualmente, a cirurgia de reconstrução de microtia é normalmente realizada com um pedaço de costela de um paciente, moldado com o formato do ouvido — um procedimento muito mais invasivo — ou com materiais sintéticos.
Reconstruções deste género não afetam a audição, mas podem ajudar a auto-estima dos pacientes, segundo refere Bonilla à CBS News.
Feinberg avisa que ainda há um longo caminho a percorrer antes que os órgãos possam ser impressos em 3D. Por enquanto, o ensaio clínico da microtia ainda permanece em curso.