Algumas ilustrações em livros de Matemática para estudantes do ensino básico de uma editora estatal chinesa estão a ser alvo de duras críticas e apelidadas de feias, obscenas e anti-China.
Numa das ilustrações, um rapaz levanta a saia de uma rapariga; noutra, um jovem abraça uma menina tocando-lhe no peito: estas são as imagens que causaram uma controvérsia na China, ilustrações de um manual de Matemática para alunos do ensino primário.
Segundo o The New York Times, as redes sociais, especialmente a Weibo, encheram-se de comentadores furiosos que defenderam que algumas das ilustrações eram feias, obscenas e anti-China. O assunto tornou-se tão sério que levou a editora a emitir um pedido de desculpas.
O Ministério da Educação avançou, pela primeira vez, com uma fiscalização às ilustrações dos manuais escolares, quer do ensino primário, quer do secundário.
Como o assunto ganhou fervor, nomeadamente nas redes sociais, foi lançado um inquérito nacional a todos os livros escolares, desde o nível primário até ao universitário.
“Os problemas identificados serão corrigidos imediatamente e aqueles que violaram os regulamentos serão responsabilizados. Não haverá tolerância”, garantiu o ministério, na segunda-feira.
So this is top trending on Weibo today: an elementary schoolbook published by the People’s Education Press has attracted the attention of netizens for being “tragically ugly” and overall super weird. Judge for yourself: https://t.co/jcUm8QHtGe pic.twitter.com/40cxUJEp8w
— Manya Koetse (@manyapan) May 26, 2022
Todo este alvoroço surge num momento em que a China aperta cada vez mais o seu controlo sobre o conteúdo ideológico dos livros escolares.
As universidades têm agora de se concentrar no estudo do marxismo e nos escritos de Xi Jinping. Em 2015, o ministro da educação da China apelou a uma revisão minuciosa dos livros escolares estrangeiros para proibir aqueles que promovem os valores ocidentais.
A editora em causa, a People’s Education Press, está sob o controlo do Ministério. As ilustrações foram aprovadas em 2013, mas não é totalmente claro como é que aquelas que foram consideradas problemáticas escaparam à censura do regime.
De acordo com o NYT, foram atribuídas ao estúdio do artista Wu Yong, que foi atacado na Internet e acusado de prejudicar a China.
Muitos críticos têm argumentado que as imagens fazem as crianças parecerem feias, enquanto outros comentários se referem a mensagens anti-China, incluindo desenhos de aviões de estilo japonês e norte-americano ou roupas que evocariam a bandeira dos Estados Unidos.
A editora respondeu inicialmente dizendo que tinha começado “a redesenhar as capas e algumas ilustrações para melhorar o método de pintura e elevar o talento artístico”. Dois dias mais tarde, pediu desculpa: “Pensámos seriamente e sentimo-nos profundamente culpados.”