Para combater “La España vacía”, Urueña reiventou-se como centro literário

(dr) Urueña

Livraria Páramo, em Urueña.

Como forma de combater o despovoamento, Urueña transformou-se num hub literário. A aldeia espanhola tem uma livraria por cada dez habitantes.

A pequena vila de Urueña, em Valladolid, no noroeste de Espanha, lutou durante muitos contra o despovoamento. Atualmente, Urueña conta apenas com cerca de 100 habitantes. A escola local tem apenas nove alunos e a vila não tem padeiro nem talhantes — ambos reformaram-se recentemente.

Numa tentativa de se reinventar, esta vila espanhola transformou-se num centro literário. Urueña conta com 11 lojas que vendem livros, sendo que nove delas são livrarias, de acordo com o site oficial do município.

“Nasci numa aldeia que não tinha livraria e onde as pessoas certamente se preocupavam muito mais com a agricultura das suas terras e os seus animais do que com livros”, disse o autarca de Urueña, Francisco Rodríguez.

“Esta mudança é um pouco estranha, mas é motivo de orgulho para um lugar minúsculo ter-se tornado um centro cultural, o que agora certamente também nos torna diferentes e especiais em relação às outras aldeias à nossa volta”, acrescentou, em declarações ao jornal norte-americano The New York Times.

Tudo começou em 2007, quando a autarquia investiu 3 milhões de euros para ajudar a restaurar e converter edifícios em livrarias e construir um centro de exposições e conferências. Os interessados em gerir uma livraria pagavam uma renda simbólica de 10 euros por mês.

Como a renda é tão baixa, os livreiros conseguem sobreviver financeiramente vendendo uma série de livros em segunda mão.

“Sinto que estar aqui não é apenas querer ter uma livraria sem renda, mas também abraçar um certo modo de vida e construir uma comunidade”, disse a jornalista Tamara Crespo, que se mudou em 2001 para Urueña — antes da transformação em centro literário — e que agora detém uma livraria com o seu marido, Fidel Raso.

Apesar dos esforços de Urueña, a população da aldeia continuou a cair ligeiramente nas últimas duas décadas. Em resposta, o autarca Francisco Rodríguez reconheceu que tornar-se um destino turístico não era garantia de que mais moradores se mudariam para a Urueña.

A demografia da Espanha rural – um fenómeno agora conhecido como La España vacía, ou “Espanha vazia” – continuará a ser um desafio de sobrevivência para pequenas aldeias como Urueña.

ZAP //

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