O mais antigo observatório do Sol das Américas foi construído por uma cultura desconhecida

Juancupi / Wikimedia

O sítio arqueológico de Chanquillo, no Peru.

O mais antigo observatório do Sol das Américas foi construído por uma cultura praticamente desconhecida e antecede os próprios incas.

Muitas vezes o Sol andou de mãos dadas com a divindade nas culturas antigas. Apu Inti, ou simplesmente Inti, era o deus do Sol dos antigos incas e era a divindade mais importante entre todos os deuses. Os incas faziam sacrifícios ao deus do Sol e tinham até “virgens do Sol”, mulheres especialmente dedicadas a servi-lo.

Mas os incas não foram os primeiros a fazê-lo. Muito antes deles, uma civilização pouco conhecida estava a construir o mais antigo observatório astronómico conhecido nas Américas.

Essas ruínas antigas, conhecidas como Chanquillo, são consideradas uma “obra-prima do génio criativo humano”, localizadas na bacia dos rios Casma e Sechin na região de Áncash, no Peru.

O sítio arqueológico contém uma fileira de 13 torres de pedra, que juntas traçam o horizonte de uma colina, de norte a sul. Além disso, as ruínas do observatório também incluem um complexo de paredes chamado Templo Fortificado e dois complexos de edifícios chamados Observatório e Centro Administrativo.


Durante séculos, Chanquillo permaneceu um mistério. Só quando as escavações começaram no início século XXI, é que os arqueólogos perceberam o que era.

À medida que o Sol nasce a leste, uma esfera de luz emerge ao longo do cume das torres. À medida que o ano avança, o mesmo acontece com a posição do nascer do Sol. No solstício de verão, por exemplo, o nascer do Sol surge na torre mais à direita. Enquanto no solstício de inverno, o nascer do Sol surge na torre mais à esquerda.

As torres foram colocadas com tanta precisão que, se uma pessoa estiver num sítio específico, consegue prever a época do ano em dois ou três dias com base apenas no nascer ou no pôr do Sol, escreve a ScienceAlert.

O equinócio de setembro, por exemplo, é definido quando o Sol se põe entre a sexta e a sétima torres.

Conhecida como Casma-Sechín, a cultura responsável pela construção deste observatório, há mais de 2.300 anos, é praticamente obscura, mas terá sido uma das mais antigas das Américas.

As escadas que levam a cada torre sugerem fortemente que o local já foi usado para rituais. É provável que esta cultura, assim como os incas, vissem o Sol como uma divindade. Em 2021 o sítio foi incluído na lista de Património Mundial da UNESCO.

Por razões desconhecidas, nos primeiros séculos depois de Cristo, Chanquillo foi abandonado. No seu auge, os arqueólogos dizem que as estruturas estariam pintadas de ocre, castanho, amarelo e branco, às vezes decoradas com relevo, graffitti ou texturizada com impressões digitais.

Daniel Costa, ZAP //

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