A moda no Peru é tentar derrubar o presidente

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EPA/Luis González

Protesto contra Pedro Castillo, presidente do Peru

Pedro Castillo foi ao Congresso evitar, pela segunda vez, a saída antecipada. É o quinto processo de destituição nos últimos quatro anos.

55 votos a favor da destituição, 54 contra. Pedro Castillo quase deixou de ser presidente do Peru nesta terça-feira (já de madrugada). Foi novamente ao Congresso para ser confrontado pela oposição, que o queria retirar do cargo pela segunda vez.

Salvou-se. Eram precisos 87 votos a favor da sua destituição, marca que ficou longe. O debate durou cerca de cinco horas, enquanto decorriam protestos da população local, no exterior.

“Desde que fui eleito, a destituição passou a ser o centro da política peruana. Isto não pode continuar. Não existem bases jurídicas para isso e tampouco provas contra mim”, alegou o presidente.

A oposição não concorda. Considera que Castillo é “incapaz” a nível moral, que não cumpre a nível ético e que não tem capacidade para governar.

As constantes mudanças nos seus ministérios não ajudam: 30 alterações em oito meses.

Dois sobrinhos do presidente foram detidos, acusados de formarem um “gabinete paralelo”, com tráfico de influências pelo meio.

E estas acusações já começaram nas eleições: Pedro Castillo só foi eleito presidente após recontagem voto a voto, disputas em tribunal e protestos da oposição – que ainda hoje alega que o processo eleitoral foi uma fraude.

20 acusações contra o presidente. Uma delas é grave: ceder território do Peru à Bolívia, que seria visto como uma traição aos seus compatriotas.

Os outros casos

Pedro Pablo Kuczynki foi presidente do Peru. Supostamente seria presidente durante cinco anos mas só esteve no cargo durante dois anos. Entre denúncias de corrupção e ligação ilegal a uma empresa, saiu em 2018, na segunda tentativa de destituição. Foi preso, depois.

O seu sucessor Martín Vizcarra foi destituído em 2020. Também não tinha capacidade para liderar o país, segundo a oposição, depois de ter sido ligado a actos de corrupção. Foi igualmente duas vezes ao Congresso, em processo de destituição – à segunda foi mesmo derrubado.

Mario Merino seria o seu sucessor. E foi, durante cinco dias. Mais protestos, mais esquemas, e uma renúncia muito rápida.

A tendência é o presidente do Peru, ou não chegar ao fim do mandato, ou ser preso depois de o mandato acabar.

Portanto, o melhor é estar atento aos vice-presidentes.

Instabilidade vai continuar

Regressando a Pedro Castillo, o futuro próximo não será mais tranquilo, apesar do sucesso na sessão no Congresso.

Horas depois, início de greve por tempo indeterminado nos transportes de carga, por causa do aumento do preço dos combustíveis.

O país sul-americano tem sido marcado por confrontos constantes entre o Executivo e o Legislativo, avisa o especialista Carlos Aquino, na BBC.

E, num país com problemas económicos e sociais, e onde a COVID-19 agravou a situação e matou mais de 200 mil pessoas, a perspectiva é de que a “instabilidade política continue”, independentemente do resultado da votação.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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4 Comments

  1. “É moda…”, realmente é um governo democrático, com o apoio do Sendelo Luminoso, grupo democrático armado, só para brincar com as pessoas. A oposição é anti-democrática, com certeza.

  2. Ao Sr. Nuno Teixeira da Silva, ZAP
    Foram presos o sobrinho do presidente e um amigo.
    A recontagem foi das cadernetas. Os votos sao contados e o número é colocado em cadernetas sendo que os votos sao depois destruidos.
    Os outros casos nao sao somente os 3 ultimos. Quase a totalidade dos ultimos 11 presidentes da republica do Perú ou renunciaram, ou estao presos, ou em fuga, ou no caso de Alan Garcia, morto (suicidou-se quando um operativo da policia o foi prender). Poucos chegaram ao fim do mandato.

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