As aparências não são tudo. Quando se trata de uma relação saudável e duradoura, a personalidade é característica mais atrativa.
Quanto mais conhecemos alguém, mais tendemos a gostar dessa pessoa. E quanto mais nos habituamos à aparência de alguém, mais ela se molda às nossas preferências. Mas porquê? O que é que torna as pessoas mais atraentes com o tempo?
De acordo com Ravi Thiruchselvam, investigador de auto-perceção da Universidade de Toronto, vários fatores poderiam estar em jogo.
Segundo a Discover, a investigação permitiu descobrir que, em termos de aparência física, quanto mais vezes nos é mostrado um rosto, mais atraente se torna, embora os traços físicos atrativos variem de pessoa para pessoa.
O que pode ser atraente para alguém, pode não corresponder às expectativas do outro — a beleza é muito pessoal. Mas achar alguém atraente é o resultado do circuito de recompensa do cérebro, impulsionado pelo Nucleus Accumbens, uma estrutura chave envolvida nas respostas motivacionais e emocionais do cérebro.
“A atividade no Nucleus Accumbens permite distinguir parceiros românticos de potenciais companheiros desconhecidos”, diz Ravi.
Para além do físico
A psicologia da atração vai muito além da aparência. O princípio da reciprocidade da psicologia social, por exemplo, diz que gostamos tanto mais das pessoas quanto mais pensamos que elas gostam de nós.
À medida que a relação se constrói, podemos naturalmente começar a retribuir sentimentos por alguém que sabemos que tem esse sentimentos por nós, afirma o investigador.
E quanto mais tempo se está com alguém, mais outros fatores psicológicos ajudam a solidificar e fortalecer a relação. “À medida que uma relação romântica se desenvolve, os parceiros podem tender a idealizar-se mutuamente ou a exagerar as qualidades positivas um do outro para preservar a relação“, diz Ravi.
“Podem também desvalorizar cognitivamente potenciais parceiros alternativos (um processo que pode ser inconsciente) para proteger a relação contra as tentações“.
E segundo Ravi, ao mesmo tempo, quanto mais se conhece e se gosta de alguém, maior é a probabilidade de se revelar informação privada que, por sua vez, nos faz sentir mais ligados.
Esta ligação pode ser subconsciente, e, segundo o psicólogo Timothy Yen, acontece quase instantaneamente. Em apenas alguns segundos, o cérebro está a decidir se se aproxima ou se se retira. Yen diz que estamos a tentar interpretar se uma pessoa é acessível ou perigosa.
“A um nível mais primário, estamos a descobrir quem daria um bom parceiros ou uma bom acréscimo à nossa tribo, que aumenta as nossas hipóteses de sobrevivência e reprodução. Traços atrativos sinalizam bons genes e, portanto, um bom parceiro para espalhar os seus genes pelas crianças”, diz o psicólogo.
O que acontece quando já não somos tão atraentes?
Timothy Yen diz que isto é natural. A maior parte dos atributos físicos tendem a desaparecer ao longo do tempo. “A novidade desperta a atratividade inicial devido às potencialidades. E a nossa curiosidade aumenta a atratividade“, acrescentou.
Assim que a novidade se desgasta, são os traços positivos para os quais formos inicialmente atraídos, que nos fazem continuar a gostar da pessoa. Todos nós envelhecemos e alguns dos atributos físicos que inicialmente estavam presentes podem também desvanecer-se
Ganhar peso, rugas, cabelos grisalhos, sobrecarga de uma vida de esforço e trabalho, são tudo características que se vão desenvolvendo com o tempo.
Quando as relações funcionam é porque a atratividade vai para além da aparência, e o oposto também é verdade. Quando as boas qualidades que pensávamos que estavam presentes no início parecem diminuir, ou nem estavam presentes em primeiro lugar, o mesmo acontece com a nossa atração.
Embora a atração física seja das primeiras motivações para se gostar de alguém, uma relação solida e duradoura, vai muito para além do físico. O que vai sempre prevalecer é o companheirismo, a personalidade e forma como somos tratados.