Era preciso sofrer assim tanto? Fernando Santos montou uma equipa com algumas surpresas para defrontar a Turquia, na meia-final do play-off de apuramento para o Campeonato do Mundo, com Diogo Costa na baliza, Danilo a central, Otávio no “onze” inicial.
As coisas até começaram bem, apesar de Portugal permitir muitos lances turcos nas costas da defesa, e a vantagem ao intervalo por 2-0 dava tranquilidade, mas o 2-1 fez a equipa tremer, tal como ficou a barra na grande penalidade falhada por Burak Yilmaz que teria dado o 2-2.
Perto do fim, a turma das “quinas” marcou quase ao mesmo tempo que a Macedónia do Norte marcava à Itália, num golpe de fortuna que o Engenheiro e a Selecção Nacional bem podem agradecer aos “deuses” do futebol.
Portugal tentou desde cedo colocar pressão nos primeiros momentos de construção turcos e intensidade sempre que conseguia recuperar a bola, e aos 11 minutos, na sequência de um livre da direita, Diogo Jota atirou por cima, quando se encontrava em plena pequena área.
Uma grande oportunidade que fazia antever golo, e este apareceu aos 15 minutos. Lance com Ronaldo, Diogo Jota a dar para remate ao poste de Bernardo e Otávio, na sobra, a rematar para o 1-0, ao quinto remate luso, terceiro enquadrado.
As diagonais e passes para as costas da defesa nacional eram, porém, sinal de perigo adversário e, aos 22 minutos, na conclusão de um desses lances, Berkan Kutlu esteve perto de empatar de cabeça.
Todavia, quem não falhou, também de cabeça, foi Diogo Jota, perto do intervalo, a concluir com qualidade um centro não menos espectacular de Otávio, a grande figura da primeira parte.
O jogador do Porto registava um GoalPoint Rating de 7.3, fruto do golo, da assistência, de pois passes para finalização e três acções defensivas no meio-campo contrário.
A segunda parte começou de forma confusa. Aparentemente a Turquia parecia rendida e entregue ao seu destino, mas num passe de mágica – ou melhor, de Cengiz Ünder para Burak Yilmaz – tudo mudou, com o ponta-de-lança turco a reduzir para 2-1 aos 65 minutos.
Ainda faltava tanto…
E a verdade é que Portugal nunca recuperou o controlo do jogo, ficando sempre a sensação de que a Turquia poderia empatar a qualquer momento. E poderia mesmo tê-lo feito aos 85 minutos.
O árbitro assinalou falta de José Fonte na área sobre Enes Ünal e respectivo penálti, mas na cobrança, Yilmaz atirou à barra. Sorte para a turma das “quinas”.
Os últimos minutos foram de sofrimento luso, a equipa continuou sem saber pressionar colectivamente, fazendo-o apenas em esforço individual, no ataque os lances eram de criação improvisada, sem uma ideia de jogo.
Só que perto do fim, e já com a Macedónia do Norte a vencer a Itália, o recém-entrado Rafael Leão isolou o também recém-entrado Matheus Nunes com um passe fantástico, e o médio do Sporting fez o 3-1 final…
E final apenas porque Cristiano Ronaldo, no último lance, fez tudo bem, mas acertou na barra, falhando assim o quarto golo. Portugal bem pode agradecer aos “deuses” da bola pela vitória.
Melhor em Campo
Que grande jogo de Otávio. É verdade, estamos recorrentemente a escrever esta frase ao longo da época, mas pela seleção apostamos que é estreia.
O jogador do FC Porto deu um recital de futebol, ofensivo e defensivo, abnegado, lutador, de grande entrega, e foi o melhor em campo, com GoalPoint Rating de 7.2.
Otávio fez o 1-0, bem como a assistência para o 2-0, somou dois passes para finalização, três desarmes, quatro bloqueios de passe/cruzamento e quatro acções defensivas no meio-campo contrário.
Não fosse uma flagrante desperdiçada e estaríamos aqui a falar de uma nota estupenda.
Destaques de Portugal
Diogo Costa 7.0 – Primeiro jogo oficial pela Selecção Nacional, e logo no “seu” estádio, e apenas o seu companheiro de equipa no Porto teve melhor rating. Diogo Costa esteve muito atento e no golo de Yilmaz não tinha grandes hipóteses. No total fez quatro defesas, três a remates na sua grande área. Bravo!
Bernardo Silva 6.8 – Jogo muito conseguido do criativo luso, desta feita a jogar em zona central, onde se sente muito bem. Ligou de forma perfeita com João Moutinho, combinando entre ambos 31 passes, o seu remate esteve na origem do 1-0, completou 93% dos passes que realizou e completou as duas tentativas de drible.
Matheus Nunes 6.3 – Que entrada em jogo. Em poucos minutos recebeu um passe de Rafael Leão e, perante o guarda-redes contrário, confirmou o triunfo luso.
João Félix 6.1 – A sua presença desestabilizou a defesa contrária e nos pouco mais de 20 minutos em campo acertou os seis passes que realizou, criou uma ocasião flagrante, registou cinco acções com bola na área contrária, terceiro valor mais alto, e uma condução super aproximativa.
Diogo Jota 6.0 – A sua movimentação foi sempre um problema para a defesa turca, que nunca sabia onde andava o jogador do Liverpool. Jota fez um belo golo de cabeça, quatro remates, dois passes para finalização e fixou o máximo de acções com bola na área contrária (10). Pena aquela flagrante falhada na primeira parte…
João Moutinho 5.9 – Foi estranho vê-lo actuar como elemento mais recuado do meio-campo luso, mas fez bem o seu papel. Moutinho somou o máximo de passes certos (84), de acções com bola (109), de passes longos certos (sete em oito) e de passes aproximativos (10). E ainda fez três bloqueios de passe.
Diogo Dalot 5.6 – Na primeira parte o lateral esteve um pouco “fora”, registando mesmo o pior rating luso, mas melhorou na etapa complementar, terminando com o máximo de passes para finalização (3) e ainda três desarmes. De negativo as quatro perdas de posse no primeiro terço.
Raphaël Guerreiro 5.4 – Pouco afoito ofensivamente, registou, ainda assim, uma ocasião flagrante criada. Assinou também o terceiro valor mais alto de recuperações de posse.
José Fonte 5.4 – O experiente central do Lille quase entregou “o ouro ao bandido” ao cometer uma grande penalidade, que Yilmaz desperdiçou. Compensou com três duelos aéreos defensivos ganhos em quatro e um corte decisivo.
Bruno Fernandes 5.3 – Longe do seu melhor, o médio do United criou, ainda assim, uma ocasião flagrante e fez seis passes ofensivos valiosos, máximo do jogo.
Cristiano Ronaldo 4.7 – Pior nota da formação portuguesa. Ronaldo bem tentou, fez cinco remates, um à barra, e somou oito acções com bola na área contrária, mas falhou duas ocasiões flagrantes, sofreu quatro desarmes e caiu três vezes em fora de jogo.
Destaques da Turquia
Ozan Kabak 6.9 – O melhor elemento da equipa turca. O central teve muito trabalho e terminou com quatro duelos aéreos defensivos ganhos (100%), cinco desarmes e três intercepções, ambos máximos, e somou ainda dois cortes decisivos.
Hakan Çalhanoğlu 5.9 – A estrela da companhia turca pouco pôde fazer sozinho. Destaque para dois passes para finalização, nove recuperações de posse e três intercepções. Foi, de longe, o jogador mais carregado em falta (8).
Uğurcan Çakır 5.7 – O guardião turco fez o que pôde, somando cinco defesas, duas a remates na sua grande área.
Resumo
// GoalPoint