Inquérito anual revelou que 40% recusaram trabalhos, em 2021. E não foi por causa do dinheiro ou por causa do projecto.
Nos Estados Unidos da América há uma tendência cada vez maior de rejeição de trabalho por parte de designers em regime freelancer; ou seja, designers que recebem por cada trabalho que realizam, trabalhadores que não assinaram contrato com qualquer empresa.
O inquérito anual realizado pela empresa 99designs, que conseguiu obter respostas de mais de 10 mil trabalhadores, revelou que nos EUA cerca de 40% dos designers freelancers recusaram pelo menos um projecto, no ano passado.
Entre os freelancers que trabalhavam directamente com agências, um terço deixou mesmo o emprego, em 2021.
E, ao contrário do que uma primeira reacção poderia transmitir, não são as propostas financeiras ou o próprio conteúdo do projecto que originaram tantas rejeições dos freelancers.
O proprietário da 99designs, Patrick Llewellyn, explicou que são questões mais abrangentes, sociais, que afastam os trabalhadores de certos projectos.
O portal Fast Company sublinha que este inquérito demonstrou que há oito assuntos com os quais os designers se preocupam mais.
Por ordem decrescente: saúde/saúde pública, alterações climáticas, justiça racial, igualdade salarial, bem-estar infantil, imigração, segurança alimentar e igualdade LGBTQA+.
Além do impacto social do cliente ou da marca em causa, o processo criativo e a preferência pessoal também são critérios importantes.
Na mesma sondagem, 76% dos designers disseram que gostariam de trabalhar numa empresa centrada na justiça social. Cerca de 30% já trabalham nesse ramo.
E, como há sempre novos trabalhos a aparecer, muitos designers têm o “luxo” de poder escolher para quem trabalham.
O design é um dos sectores da actividade norte-americana mais envolvido no fenómeno Grande Demissão: desde o aparecimento do coronavírus, milhões de trabalhadores nos EUA estão a deixar os seus empregos por vontade própria.