“Cena de guerra”: Chuvas matam 117 pessoas em Petrópolis (e há novas ameaças de temporal)

António Lacerda / EPA

Exemplo dos danos causados em Petrópolis.

O rasto de destruição deixado pelas chuvas torrenciais em Petrópolis pode agravar, prevendo-se novas ameaças de temporal para os próximos dias.

Pelo menos 117 pessoas morreram nas inundações e deslizamentos de terra na cidade brasileira de Petrópolis, anunciou hoje a Proteção Civil, dois dias após se terem registado naquela localidade turística do Brasil as piores chuvas dos últimos 90 anos.

As autoridades locais avisaram que o número de mortes ainda pode aumentar acentuadamente, visto que há mais 116 pessoas desaparecidas. Há ainda milhares de pessoas desalojadas.

O número de mortos é ainda provisório e tem vindo a aumentar consecutivamente desde as chuvas torrenciais que transformaram as pitorescas ruas do centro da cidade em rios de lama, inundaram casas e arrastaram dezenas de carros.

O governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse, numa conferência de imprensa, que foi “a pior chuva desde 1932”.

Os bombeiros trabalharam toda a noite na cidade, de 300.000 habitantes, que foi atingida pelas fortes chuvas, mas tiveram de parar durante algumas horas por causa da instabilidade do solo, que está alagado.

“A Prefeitura de Petrópolis está com todas as equipas mobilizadas para o atendimento às ocorrências. As pessoas estão acolhidas nos pontos de apoio que funcionam em escolas da cidade”, informou o governo municipal, citado pela BBC Brasil.

“As imagens são muito fortes e, provavelmente, vamos amanhecer com imagens tão ou mais fortes. É realmente uma tragédia grande. […] O que nós vimos é uma cena muito triste, cena praticamente de guerra”, disse o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, na noite de terça-feira à Globonews.

Só na terça-feira, em apenas três horas, choveu um volume maior do que o esperado para todo o mês de fevereiro.

“Foram 240 milímetros em coisa de duas horas, foi uma chuva altamente extraordinária”, disse Cláudio Castro. “Mas uniu-se uma tragédia histórica com um défice que realmente existe e causou este estrago todo, que sirva de lição para que, desta vez, ajamos de forma diferente, não se resolvem 40, 30, 20 anos num ano”.

As autoridades temem que a chuva não dê tréguas à região. A previsão meteorológica indica mais chuva para Petrópolis nesta sexta-feira e, possivelmente, nos próximos dias.

O portal UOL escreve que Petrópolis sabia de 15 mil imóveis em risco na área da tragédia desde 2017, mas que pouco foi feito na cidade para corrigir a situação.

O levantamento encomendado pelo município identificou 15.240 casas com risco alto ou muito alto de destruição por consequência de chuvas no distrito da cidade mais castigado pelo temporal.

O plano tem um alto nível de detalhe, especificando os recursos que teriam de ser investidos em cada área, em ações como relocalização de moradores, saneamento básico e infraestrutura, escreve o portal brasileiro.

“Até é possível fazer obras de contenção ali naquela região, mas teria que ser algo monumental para evitar o que aconteceu. A cidade precisa de mudanças estruturais de habitação e controle urbano”, sentencia o engenheiro Luís Carlos Dias de Oliveira, da Theopratique, a empresa que realizou o levantamento.

Daniel Costa, ZAP //

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