A “maravilha mais estranha” do período Cambriano ganhou um novo primo

Stephen Pates

A espécie Utaurosa comosa era apontada como um radiodonte, mas um novo estudo descobriu que é na verdade um parente do Opabinia regalis — um animal que já foi descrito como a “maravilha mais estranha do Cambriano”.

Com cinco olhos, uma boca virada para trás e uma tromba longa com uma ponta de garra em vez de um nariz, o Opabinia regalis era uma das espécies mais fascinantes do período Cambriano. Mas foi agora descoberto um “primo” seu ainda mais estranho.

O Utaurosa comosa é um pequeno animal marinho com uma cauda espinhosa que viveu alguns milhões de anos depois do O. regalis na América do Norte, nota o Live Science. Inicialmente foi descrita em 2008, tendo sido classificada como uma espécie familiar do Anomalocaris, um predador com garras no rosto.

Um novo estudo publicado na Proceedings of the Royal Society sugere comparou o fóssil do U. comosa com mais de 50 exemplares de animais ainda vivos e extintos. A equipa concluiu que o animal é quase de certeza um familiar do O. regalis e não do Anomalocaris, o que torna este animal apenas o segundo membro da família Opabinia a ser descoberto e o primeiro a ser encontrado em mais de 100 anos

“A maravilha mais estranha do Cambriano já não existe sozinha”, escreveram os investigadores.

Desde entre há 541 milhões e 485 milhões de anos, a biodiversidade nos mares da Terra explodiu pela primeira vez — um evento conhecido como a explosão Cambriana que deu origem aos primeiros predadores.

Estes animais são conhecidos como radiodontes devido às bocas em forma de serra circular na parte inferior de suas cabeças. Muitos destes, incluindo o Anomalocaris, tinham ainda apêndices com garras em frente às suas cabeças.

O único fóssil conhecido da U. comosa não tinha este apêndice, mas o seu corpo estava segmentado em 14 ou 15 sulcos, cada um destes com uma aba pontiaguda, assim como a O. regalis. Mesmo com estas diferenças, o fóssil da U. comosa foi classificado como um radiodonte em 2008.

O paleontólogo Stephen Pates, principal autor do novo estudo, não concordou com esta decisão. Assim, dedicou-se à análise do fóssil e comparou 125 das suas características com mais de 50 grupos de artrópodes vivos e extintos, concluindo que quase nenhuma se enquadrava com a família dos radiodontes e que era mais provável que a criatura fosse antes familiar da Opabinia.

Esta descoberta pode significar que as espécies não eram apenas um pequeno de animais “estranhos” mas que são, na verdade, antepassados dos artrópodes modernos.

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