Violência obstétrica na Europa: Portugal regista o dobro de episiotomias

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Organização Mundial de Saúde não recomenda práticas que se verificaram nos partos realizados em Portugal durante a pandemia. 

A violência obstétrica volta a ser assunto em Portugal. A revista The Lancet Regional Health – Europe publicou um estudo focado nos cuidados maternos e neonatais durante a pandemia.

O período analisado foi entre 1 de Março de 2020 e 15 de Março de 2021. O inquérito realizado a mais de 21 mil mulheres (mais de 18 mil foram mães neste período) envolveu países da região europeia da Organização Mundial de Saúde. O período analisado foi entre 1 de Março de 2020 e 15 de Março de 2021.

Quase 42% das inquiridas tiveram dificuldades no acesso aos cuidados pré-natal, 62% não tiveram autorização para estarem acompanhadas no momento do parto, 31% receberam apoio inadequado na amamentação, 34% contaram que os profissionais de saúde nem sempre utilizaram equipamentos de proteção individual e 32% consideram que havia falta de profissionais de saúde.

Isto, na análise global, europeia. Em Portugal, 41,6% queixaram-se de não ter participado nas decisões durante a gravidez ou durante o parto, 31,5% (em parto vaginal) disseram que não foram tratadas com dignidade e 22,7% das mulheres em Portugal queixam-se de terem sentido algum tipo de abuso verbal, físico ou emocional durante o parto.

Além disso, uma percentagem considerável (63,2%) contou que não autorizaram – porque nem lhes foi pedida autorização – a realização de um parto instrumentado.

Números que sugerem que a violência obstétrica é mais praticada em Portugal do que na maioria dos outros países europeus.

Uma episiotomia (corte no períneo) é uma prática – não aconselhada pela Organização Mundial de Saúde – frequente em Portugal.

40,7% das inquiridas que vivem em Portugal relataram que foram sujeitas a episiotomia durante um parto vaginal espontâneo, enquanto a média europeia é menos de metade: 20,1%, no mesmo contexto.

A manobra de Kristeller, a pressão externa no momento do parto, com ventosas ou fórceps – que também não é aconselhada pela Organização Mundial de Saúde – foi praticada em 49,2% dos casos em Portugal e em 41,2% dos casos na Europa, em média.

No ano passado foi criado um movimento contra a violência obstétrica em Portugal, logo depois de a Ordem dos Médicos ter assegurado que “não se deu como provada nenhuma situação de violência obstétrica praticada por médicos em Portugal” e que não há “práticas de intervenções sem indicação médica ou sem consentimento informado”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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1 Comment

  1. Porque será que Portugal está entre os mais seguros do mundo para se nascer? Se a episiotomia se realiza o dobro das vezes provavelmente temos metade das mulheres com problemas de incontinência no pós parto. Portugal é um exemplo de evolução da saúde materno- infantil, é mais seguro ter um parto em Portugal que na generalidade dos países Europeus.
    Claro que há sempre alguém a reclamar, é normal.

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