Há quem acompanhe a rota do Pai Natal na Internet

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Andy Noren / Flickr

O Comando de Defesa Aeroespacial Americano tem um sistema que permite saber onde está o Pai Natal na Véspera de Natal — e a tradição remonta a 1955.

No século passado, o Pai Natal tornou-se o principal símbolo do Natal no mundo ocidental e foi usado para tudo: desde campanhas publicitárias, a decorações natalícias e corridas de atletismo.

Além disso, em muitos países, as crianças têm a tradição de escrever uma carta ao Pai Natal e, na véspera de Natal, há quem — até mesmo adultos — acompanhe a distribuição de presentes pelas casas dos cinco continentes através da Internet.

É uma tradição que teve origem há 60 anos, em plena Guerra Fria, devido a um telefonema equivocado a um comando militar dos Estados Unidos, escreve a BBC.

“Essa história fez com que o Comando de Defesa Aeroespacial Americano (NORAD, na sigla em inglês) usasse o seu sistema de radar para seguir o percurso do Pai Natal durante a sua intensa jornada na véspera de Natal”, explicou o tenente Sable L. Brown, porta-voz da NORAD.

“Atualmente, uma equipa de 200 voluntários recebe telefonemas de milhares de crianças que perguntam onde está o Pai Natal e se podem comunicar com ele”, acrescentou.

Guerra fria e o Pai Natal

Em novembro de 1955, o mundo temia que o confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética (URSS) levasse a uma guerra nuclear que devastaria o planeta. Por isso, os governos dos Estados Unidos e do Canadá instalaram um sistema de radar para detetar um possível ataque nuclear da URSS a partir do Polo Norte.

Uma das bases desse sistema estava localizada na cidade de Cincinnati, no Estado norte-americano de Ohio e, na noite de 30 de novembro daquele ano, o coronel Harry W. Shoup recebeu uma chamada peculiar.

Para surpresa de Shoup — que sabia que aquele telefone era apenas para comunicações estritamente relacionadas com assuntos militares, como, por exemplo, um ataque nuclear iminente —, do outro lado da linha estava uma criança que perguntou se estava a falar com o Pai Natal.

“O coronel entendeu a situação, mas queria saber como o menino tinha conseguido aquele telefone. E descobriu-se que tinha a ver com um anúncio de jornal”, contou Brown à BBC.

Uma loja local, famosa pelas suas campanhas publicitárias de Natal, publicou um anúncio que incluía um número de telefone para o qual as crianças podiam ligar e falar com o Pai Natal.

Mas o menino cometeu um erro ao marcar o número — não uma, mas duas vezes, explica o Gizmodo. E o coronel Shoup atendeu uma dessas chamadas.

Shoup explicou, então, ao menino que não estava a falar com o Pai Natal e que não tinha ligado para o Polo Norte. Mas depois percebeu que tinha uma oportunidade nas mãos.

“Depois da experiência, Shoup compartilhou com a equipa de relações públicas do comando militar a ideia de que, além de proteger os Estados Unidos do ataque nuclear graças aos seus radares, também podiam dizer que faziam o mesmo com o adorável Pai Natal”, explicou Novak.

E, no ano seguinte, publicaram um comunicado no qual informavam que iriam seguir a jornada do Pai Natal pelos Estados Unidos, para o protegeren de possíveis ataques de quem “que não acredita no Natal”.

Assim nasceu o Santa Tracker.

“No princípio, informávamos no rádio e na imprensa como o Pai Natal havia passado pelos Estados Unidos, mas depois abrimos um call center e, aos poucos, foi ficando mais popular”, explicou Brown.

Os especialistas concordam que o Santa Tracker se tornou uma das melhores estratégias de marketing da história das Forças Armadas dos Estados Unidos.

Durante a véspera de Natal, parte do sistema de defesa dos Estados Unidos segue o caminho de dois aviões que “zelam” pela passagem do Pai Natal pelo mundo.

Na verdade, sistemas como a Alexa, da Amazon, usam o detetor do NORAD para fornecer informações aos seus utilizadores.

“Além de seguir os passos do Pai Natal, com a quantidade de presentes que está a entregar de minuto a minuto, por meio do portal, também atendemos as chamadas das crianças e respondemos aos seus e-mails“, disse o capitão.

“Antes da pandemia, trabalhamos com 1,5 mil voluntários que disseram às crianças que a NORAD comunica com o trenó do Pai Natal através de luz infravermelha que atinge o nariz da rena Rudolph (à qual é dedicada uma famosa canção de Natal)”, disse ainda.

Agora, durante a pandemia, Brown percebeu que “pensar sobre a chegada do Pai Natal é uma das poucas coisas bonitas que aconteceram a muita gente durante este meses difíceis — o que o faz valorizar ainda mais a iniciativa.

ZAP // BBC

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