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Durante centenas de anos, um mausoléu situado numa montanha nos arredores de Xi’an, em Shaanxi, foi considerado o local de descanso da figura história. Mas afinal o seu túmulo real encontra-se a quilómetros de distância.
De acordo com a South China Morning Post, Liu Heng, mais conhecido por Imperador Wen de Han, governou a dinastia ocidental Han, de 180 AC a 157 AC, e é associado a um reinado estável e próspero, depois de um período tumultuoso na China.
Ma Yongying, investigadora da Academia de Arqueologia Shaanxi, refere que “depois de verificar transcrições antigas, puderam concluir que o túmulo de Jiang Village é o Ba Mausoleum do Imperador Wen“, e não o local onde ele foi realmente sepultado.
Acreditava-se que o Imperador estava enterrado numa montanha chamada “feng huang zui”, traduzida para a Boca de Fénix, localizada perto de Xi’an, a noroeste da província de Shaanxi.
Durante séculos, Xi’an foi o centro do poder político na China antiga, ao longo de várias dinastias. Na altura de Han, o império era o foco principal, o que significa que tudo o que estive associado a ele era de extrema importância.
A descoberta do túmulo real do Imperador Wen foi confirmada pela Administração do Património Cultural da China (NCHA) e apresentada numa conferência de imprensa em Pequim.
Foram também relatadas outras descobertas em escavações arqueológicas em curso em Shaanxi, Gansu e Henan.
O túmulo tinha a forma de uma pirâmide do estilo chinês ya, com 70 metros de comprimento e 30 metros de altura. Este era uma estilo reservado a imperadores.
Devido ao excesso de vegetação, à erosão do solo e à passagem do tempo, o mausoléu foi desaparecendo ao longo do tempo, sendo praticamente impossível identificá-lo sem escavações.
Depois de ser encontrado, e em comparação com os registos históricos, foi possível confirmar que aquele era, de facto, o lugar de enterro do Imperador Wen.
O percurso de descoberta do túmulo começou em 2002, quando 6 figuras raras de terracota negra da dinastia Han estavam a ser leiloadas nos Estados Unidos.
Constavam num catálogo da empresa multinacional Sotheby’s, e apenas foram devolvidas à China com uma intervenção do governo chinês, em 2003.
Em 2006, uma investigação dos artefactos revelou que tinham sido roubados do túmulo de Jiangcun.
Quando as sepulturas próximas da de Jiangcun foram assaltadas, em 2016, o governo chinês viu-se obrigado a tomar medidas e começar as próprias escavações.
O projeto resultou numa exploração dos túneis de leste e oeste do túmulo, que se descobriu ter 250 metros de comprimento. Estes túneis ultrapassavam, de longe, os túmulos funerários normais dos anteriores imperadores chineses.
Perto do túmulo sob investigação, foram descobertos 110 fossos, que guardavam mais de 1.500 artefactos, incluindo artigos de olearia, de bronze e de ferro. Algumas das peças de bronze eram decorações de cavalos e carruagens.
Foi também desenterrada uma coleção de selos oficiais da dinastia de Han, que “mostrou que estes fossos podiam imitar todo um sistema de governo”, realçou Ma Yongying. “O Imperador queria governar o seu país, mesmo no submundo“.
Até agora, nem todos os fossos foram completamente explorados, mas o que se pode provar é que aquele era, de facto, o verdadeiro túmulo de Wen de Han.
De acrescentar ainda que os túmulos da sua esposa e da sua mãe foram também encontrados nas proximidades.
“O formato do túmulo de grande escala permite confirmar a ideia, também apoiada pelas investigações sobre os túmulos exteriores à volta do de Wen. É o mais antigo cemitério da dinastia de Han, com o túmulo do imperador colocado no centro e rodeado por valas funerárias”, notou Ma Yongying.
A descoberta marcou o estudo da evolução dos mausoléus chineses e, de acordo com Liu Qingzhu, arqueólogo da Academia Chinesa de Ciências Sociais, “o túmulo de Wen de Han refletiu que o país, representado pelo poder do imperador, era a prioridade do povo.