Piloto da força aérea chilena desafiou os limites e, depois de saltar de um helicóptero a mais de 3500 metros de altitude, ativou o seu fato com asas para entrar pela cratera de 200 metros do vulcão Villarrica, também conhecido como “A Casa do Diabo”.
Regra geral, o comportamento dos humanos perante uma ameaça tão significativa como a erupção de um vulcão é fugir para conservar a sua integridade física. Mas Sebastián Álvarez não é um humano qualquer. No passado mês de novembro, o antigo membro da força aérea chilena tornou-se a primeira pessoa a entrar e a sair de um vulcão em atividade. Fê-lo voando, não com recurso a um avião ou a um helicóptero, mas através de com um fato com asas — o que lhe permitiu cumprir um sonho antigo.
“Tudo começou porque eu tinha o sonho de voar. Desde criança que só queria voar e, sabe-se lá como, consegui fazê-lo”, descreveu à CNN.
Apesar deste sonho, Álvarez não é estranho à adrenalina, devido à sua carreira como piloto mas também pela sua paixão pelo skydive, uma atividade que se tornou uma paixão que alimentou sempre que tinha tempo disponível e, por isso, o fez tornar-se um dos melhores skydivers do mundo. Quando o skydive se tornou um hábito, a procura por novas fontes de adrenalina começou, o que levou Álvarez a iniciar-se no base jumping e, eventualmente, nos voos de fatos com asas.
Foi precisamente através desta última modalidade — ou tecnologia — que se atreveu a explorar uma das maiores e vistosas maravilhas naturais do seu país, o vulcão Villarrica, considerado um dos mais ativos e perigosos do Chile — normalmente chamado de “Casa do Diabo”.
Durante a experiência, saltou de um helicóptero a mais de 3500 metros de altitude, ativou a o fato com asas — capaz de atingir mais de 280 quilómetros por hora — e entrou pela cratera de 200 metros , tendo saído logo de seguida. Posteriormente, não teve dúvidas em caracterizar a experiência como “a mais extrema que já teve”.
“Isso de certeza. Por todos os fatores: era um vulcão ativo, uma altitude elevada, estava frio e vento, pelo que existiam muitos fatores que eu devia ter em consideração. Mentalmente, foi muito difícil porque a minha mente não quer estar ali, mas é preciso esse tipo de força para fazer acontecer. Adoro fazer estes projetos porque gosto de elevar a fasquia do desporto um bocadinho mais”, explica.
Mesmo sendo um expert — com qualidades reconhecidas mundialmente —, a preparação para a mais recente aventura do chileno começou há mais de um ano, seja no que respeita a práticas (fez mais de 500 saltos de treino) ou a cálculos, onde tentava prever elementos como a velocidade, a distância ou a pressão do ar, de forma a perceber se a tarefa a que se propunha era realmente viável ou não.
Na realidade, Sebástian Álvarez considera que a preparação para o salto começou muito antes. “O treino para isto foi toda a minha vida, basicamente. É preciso ser skydiver, um base jumper, e se fores piloto, melhor. Todos os caminhos que segui ao longo da minha vida juntaram-se e permitiram que isto acontecesse. Mesmo que se treine dois anos para isto e não se tenha feito skydiving antes, por exemplo, não seria possível. Por isso, foi mesmo uma preparação de uma vida”, apontou.
Do seu lado, para conseguir fazer história, estiveram também as condições meteorológicas, que no sul do Chile podem ser extremas. De facto, houve mesmo tentativas canceladas devido a fortes ventos, chuva ou neve, mas também fortes tempestades que assolaram a região.
“Eu estava com medo que não conseguíssemos uma boa e bonita janela de tempo para fazer isto. Mas acho que eu e o vulcão nos entendemos. Ou pelo menos ele deixou-me fazer isto. Por isso tivemos bom tempo e o vulcão não esteve muito ativo durante essa semana, acho que o nosso acordo resultou“, disse, em jeito de brincadeira à televisão norte americana, deixando claro que estabelece uma comunicação com aquele organismo vivo.
Apesar do seu perfil destemido, o homem-pássaro, como já lhe chamam, está ciente dos perigos que correu. “É um vulcão e está ativo. Se eu caísse, sabem qual seria o resultado. Se o vulcão não me quisesse lá dentro, ele podia fazer o que quisesse. Pelo que pedi autorização e, mais tarde, acabei por regressar lá novamente para agradecer.