A venda de drogas ao domicílio é um negócio emergente e que está a contar com a ajuda, sem intenção, de plataformas eletrónicas como a Uber e a Glovo. A PSP faz o alerta sobre esta nova realidade num relatório que assinala como o tráfico de droga passa hoje muito pelo universo online.
Um relatório da Polícia de Segurança Pública (PSP) a que o Expresso teve acesso nota que a pandemia veio reforçar o uso crescente de plataformas eletrónicas para o negócio da droga.
As “encomendas” de produtos estupefacientes fazem-se, agora, muitas vezes através de serviços de mensagens como WhatsApp, Signal, Messenger ou Telegram.
Os pagamentos são feitos através de plataformas digitais, como MB Way, Revolut e PayPal.
E a entrega das drogas é feita ao domicílio com o recurso a plataformas como a Uber ou a Glovo, sem que estas saibam que estão a contribuir para o negócio dos traficantes.
Assim, há estafetas da Glovo e da Uber que acabam por transportar droga sem o saberem.
Fonte da Glovo refere ao Expresso que tem “diversos protocolos para prevenir qualquer incidente” deste âmbito, salientando que colabora “com as autoridades competentes” no sentido de detectar ilícitos criminais.
A Uber também vinca esta colaboração e realça ao semanário que os estafetas apanhados em actividades criminosas “são imediatamente banidos”.
Em 2019, um relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência já notava a existência de um novo modelo de entrega de drogas através de estafetas de call centers.
Menores são “arma” dos traficantes contra a polícia
No relatório da PSP fica ainda patente o crescente recrutamento de jovens e menores para o negócio da venda de drogas.
A força policial salienta que os jovens são usados, muitas vezes, para avisarem os traficantes sobre a chegada da polícia, mas também para lhes guardarem armas e drogas.
Além disso, há traficantes que recorrem aos telemóveis de menores para fazerem os seus negócios. “É uma maneira de fugirem às escutas. Como recompensa, dão a esses menores um telefone novo”, aponta o relatório citado pelo Expresso.
O documento dá também uma ideia das rotas do tráfico de droga em Portugal, assinalando que Algarve, Lisboa e Porto fornecem o resto do país.
Assim, os traficantes de Lisboa enviam “heroína, cocaína e MDMA para Beja”, “haxixe para Castelo Branco” e “fornecem Coimbra e Figueira da Foz com heroína, cocaína e haxixe”, como cita o Expresso.
Já “para Évora seguem heroína, cocaína e haxixe” e “para Faro é enviada cocaína e heroína”.
O Porto é o principal abastecedor de drogas de Bragança, Mirandela, Aveiro, Espinho e Ovar, mas os traficantes dos Bairros do Aleixo e Pinheiro Torres também enviam cocaína para Coimbra e Figueira da Foz, segundo o relatório citado pelo Expresso.
“Do Algarve parte muito do haxixe que se encontra à venda nas ruas de Coimbra, Santarém e Setúbal”, aponta ainda o semanário, frisando que esta região também abastece Beja e Castelo Branco.
nao admira ! a uns vinte anos quando começou a generalizar a entregas de pizzas ao Domicilio ,apareceu logo uns fulanos que levavam as pizzas e algo mais