A hipótese de avançar com a vacinação de crianças e a uma mutação mais contagiosa a crescer em Portugal foram assuntos abordados à porta fechada pelos peritos no Infarmed.
Na reunião de especialistas no Infarmed, esta sexta-feira, entre outras coisas, debateu-se à porta fechada a eventual vacinação de crianças e uma mutação mais contagiosa a crescer em Portugal.
Na apresentação ao público, Henrique de Barros, epidemiologista da Universidade do Porto, disse que “a vacinação é a nossa medida fundamental de proteção” e falou na necessidade de vacinar as crianças.
Aos líderes políticos e conselheiros de Estado, o especialista disse, segundo o Observador, que a vacinação das crianças tem mais benefícios que riscos, apesar das reservas europeias.
Logo na intervenção inicial, Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde (DGS), disse que os casos estão a afetar as faixas etárias mais jovens, sendo que o grupo etário com maior incidência é até aos nove anos. Além disso, em todas as regiões, as escolas e universidades estão entre as principais origens de novos surtos.
À porta fechada, Henrique de Barros explicou aos líderes políticos que o aumento de incidência nas crianças se deve ao facto de a restante população já estar maioritariamente vacinada. Este não é o caso das crianças até aos nove anos, dado que a vacinação em Portugal só começa a partir dos 12 anos.
Embora o risco de mortalidade seja menor nas crianças até aos nove anos, há o risco de complicações respiratórias.
O perito explicou ainda que ter 86% da população vacinada não significa, na prática, que seja essa a percentagem de população protegida, já que a vacina vai perdendo a sua efetividade. Tendo isso em conta, estima que 70% da população esteja atualmente protegida.
Na sessão aberta ao público, Henrique de Barros disse que quando as vacinas estiverem “inequivocamente aprovadas”, a vacinação das crianças deve ser “uma prioridade”.
O especialista João Paulo Gomes, que participou na reunião por via remota, foi chamado a responder às dúvidas do liberal João Cotrim Figueiredo face às mutações do coronavírus.
João Paulo Gomes salientou que a sublinhagem AY.4.2 da variante Delta, que é predominante no Reino Unido, já está a circular em Portugal, sobretudo no Algarve, que é, precisamente, a região que regista a incidência mais elevada no nosso país.
O perito advertiu que esta sublinhagem é mais infeciosa do que a Delta, mas não significa que é mais grave.